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A primeira missa presidida pelo primeiro padre nativo da Mongólia

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A primeira missa presidida pelo primeiro padre nativo da Mongólia

Uma vigorosa reflexão sobre a cruz e a história, emocionadamente narrada, da sua vocação constituíram os pontos mais fortes da intervenção do padre Joseph Enkh, o primeiro sacerdote nativo da Mongólia, na homilia da primeira missa a que presidiu.

Ordenado sacerdote a 28 de agosto, na catedral dos Santos Pedro e Paulo, Ulan-Bator, capital do país asiático, presidiu à "missa nova" no dia seguinte, na mesma igreja, com a meditação a ser proferida em mongol, inglês e coreano.

«Agradeço ao Senhor, que me chamou a servi-lo através do sacerdote. Estou também grato a todas as pessoas que me ajudaram a responder a este chamamento. Espero que haja rapidamente outras vocações ao sacerdócio e à vida consagrada entre os jovens da Mongólia», afirmou na missa em que foi ordenado..

Nascido a 24 de junho de 1987, Enkh é o único rapaz e o filho mais novo de uma família de três crianças. Recebeu uma educação católica da sua mãe. Depois de ter estudado biotecnologia na universidade na capital, partiu em 2009 para o seminário, na Coreia do Sul.

Ordenado diácono a 11 de dezembro de 2014 em Daejon, Coreia du Sul, regressou à Mongólia em janeiro deste ano, a fim de realizar os seus estágios pastorais em diferentes paróquias do país.

A missa da ordenação, com a participação de cerca de 1500 fiéis, entre os quais 40 padres concelebrantes, «foi acolhida com muita alegria e orgulho, com muita gente reunida para acolher este dom do céu», declarou à agência Fides o padre Prosper Mbumba, missionário congolês na Mongólia.

No mesmo dia o bispo filipino, Wenceslao Padilla, prefeito apostólico de Ulan-Bator, chegado à Mongólia com os primeiros missionários, nos anos 90, assinalou o 13. aniversário da sua ordenação episcopal.

Na celebração participaram diversos dirigentes do governo e do mundo diplomático, bem como o responsável do mosteiro budista de Dashi Choi Lin, que sublinhou «as boas relações» existentes com a Igreja: «Aprendemos deles, e eles aprendem de nós. Estamos felizes por um de nós, mongóis, se ter tornado um padre nesta Igreja».

O representante budista impôs uma estola de seda azul em torno do pescoço do padre recém-ordenado, gesto que na tradição budista simboliza o céu e significa pureza, boa vontade, bom auspício e compaixão.

Remontando a 1992, a Igreja católica na Mongólia, a mais jovem do mundo, segundo a Rádio Vaticano, tem cerca de 20 missionários e 50 religiosas de 12 congregações, comprometidos em seis paróquias.

Para o padre Mbumba, esta ordenação, que tornará 28 de agosto um dia «inesquecível», vai criar uma nova dinâmica no seio da comunidade católica mongol, favorecendo assim um sentimento de pertença, num país que tem pouco mais de mil batizados.

O diretor da agência AsiaNews realçou que «trabalhar na Mongólia significa confrontar-se, por um lado, com uma cultura de religiosidade xamânica - veem, portanto, os sacerdotes como um ponto de encontro entre o Céu e a Terra, entre Deus e o homem -, e há uma tradição budista, tibetana, muito forte».

«Por conseguinte, o facto de haver um sacerdote mongol, que é parte desta cultura e que, ao mesmo tempo, recebeu o anúncio de Jesus Cristo, pode verdadeiramente fazer um trabalho de inculturação, seja do ponto de vista da cultura seja do da teologia, que, naturalmente, é um pouco mais difícil e lento para um missionário estrangeiro», acrescentou o padre Bernardo Cervellera.

O responsável explica que a Igreja na Mongólia cresceu «muito lentamente e pacientemente, com relações de amizade», além de oferecer às crianças a possibilidade de terem espaços onde podem brincar e estudar.

«Deu uma ajuda também às mulheres, porque há uma grande miséria; portanto procurou dar trabalho às mulheres e aos homens. A Igreja pode trabalhar na Mongólia porque, por lei, as entidades estrangeiras devem assumir um certo número de trabalhadores locais», explicou, salientando que os organismos católicos têm contribuído para o desenvolvimento económico do país.

Após a queda do império soviético, a Mongólia garante a liberdade religiosa; «todavia, no que diz respeito às religiões, sobretudo as estrangeiras, são algo cautelosos e têm medo do proselitismo. Por isso são muito atentos, libertam autorizações com dificuldade, querem verificar, colocam condições, etc. Mas, com muita paciência, a Igreja está a crescer».

Bernardo Cervellera realçou que a Igreja na Coreia do Sul «está muito empenhada numa relação de fraternidade com a mongol para a apoiar e ajudar. Por isso a Igreja coreana, que está entre as mais vivas da Ásia e ajuda a pequena Igreja mongol, diz-nos que na Ásia a evangelização tem ótimas perspetivas».

Com 1,564 milhões de km2, o que a torna o 19.º país com mais superfície, a Mongólia tem cerca de três milhões de habitantes, estimando-se que pouco mais de metade sejam budistas. Quase metade da população vive na capital.

 

Rui Jorge Martins
Com agências
Publicado em 02.09.2016 | Atualizado em 30.04.2023

 

 
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O representante budista impôs uma estola de seda azul em torno do pescoço do padre recém-ordenado, gesto que na tradição budista simboliza o céu e significa pureza, boa vontade, bom auspício e compaixão
Trabalhar na Mongólia significa confrontar-se, por um lado, com uma cultura de religiosidade xamânica - veem, portanto, os sacerdotes como um ponto de encontro entre o Céu e a Terra, entre Deus e o homem -, e há uma tradição budista, tibetana, muito forte
O facto de haver um sacerdote mongol, que é parte desta cultura e que, ao mesmo tempo, recebeu o anúncio de Jesus Cristo, pode verdadeiramente fazer um trabalho de inculturação, seja do ponto de vista da cultura seja do da teologia, que, naturalmente, é um pouco mais difícil e lento para um missionário estrangeiro
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