Concílio Vaticano II - 50 anos
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Anunciar o Vaticano III ou continuar o Vaticano II?

Lembrava, recentemente, Andrea Tornielli, no site vaticaninsider.lastampa.it, que o brasileiro Leonardo Boff, expoente mais visível da Teologia da Libertação, defende um novo Concílio, o Vaticano III. Fê-lo no “Jornal do Brasil”, nos 50 anos da morte do Papa João XXIII.

A ideia do Vaticano III talvez tenha sido defendida pela primeira vez há 36 anos, em 1977, quando teólogos ligados à revista “Concilium”, reunidos nos Estados Unidos da América, entre eles, Hans Küng, Edward Schillebeeckx, Giuseppe Alberigo e Rosino Gibellini, apontaram como prioritários temas do eventual Concílio os seguintes: renúncia do Papa aos 75 anos de idade; carácter deliberativo do Sínodo dos Bispos e não meramente consultivo; abolição do celibato dos padres católicos; e reconhecimento do papel da mulher, equiparado ao homem, na Igreja, incluindo o acesso ao sacerdócio ministerial.

Para usar uma expressão dessa época, não foram só os “progressistas” – o que quer que isso queira dizer… – a desejar um novo Concílio, mas também os “conservadores” – que significado terá, hoje, tal expressão? –, como também sublinha Andrea Tornielli.

Nos anos 90 do século passado, alguns “conservadores” e decididos apoiantes do Papa João Paulo II, como o historiador inglês Paul Johnson, em textos que escreveu na revista norte-americana “Catholic World Report”; o filósofo italiano Rocco Buttiglione; e o bispo austríaco Kurt Krenn, propunham um “concílio restaurador”. Desejavam que pusesse em ordem os “progressistas indisciplinados” e travasse as intenções de algumas conferências episcopais que pretenderiam mais competências e mais poder. Quem mais se opôs, em 1992, aos “conservadores conciliaristas” foi o então cardeal Joseph Ratzinger.

Em 1999, veio a terreiro o cardeal Carlo Maria Martini, arcebispo de Milão. Confessou ter “sonhado” que os bispos iriam desatar alguns nós doutrinais e disciplinares na Igreja. Pedia “um diálogo colegial” para que os bispos debatessem, “com liberdade”, alguns problemas como a falta de padres, papel da mulher na Igreja, ministérios, sexualidade, disciplina do matrimónio, prática penitencial e relações ecuménicas.

Recordo que, já no ano anterior, o Papa João Paulo II tinha reafirmado que o Concílio Vaticano II ainda não atingiu a sua “realização plena”. Bento XVI, em 2005, declarou que considerava correta a hermenêutica da “reforma na continuidade” para ler o Vaticano II e recusava a hermenêutica da “rutura”.

Alguns continuam, ainda hoje, e com mais frequência, a defender o Vaticano III, exigindo que vá mais além do que o Vaticano II, enquanto outros consideram que o Vaticano II continua inconciliável com a tradição católica.

Não se transfira para o eventual Vaticano III a inércia no cumprimento teológico e pastoral do Concílio Vaticano II.

 

Título original do texto: Hermenêuticas do Vaticano II

 

Cón. Rui Osório
In Voz Portucalense, 11.9.2013
11.09.13

FotoConcílio Vaticano II

 

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