O bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, preside a 23 de novembro, na "Cidade Invicta", à apresentação do livro "Francisco Sá Carneiro - Um católico na política", de Fernando Perpétua.
«Será a política um lugar de irremediável perdição? Terá a vida e a cultura cristãs algo a dizer ao "homo politicus" de hoje? Um olhar atento sobre o percurso biográfico de Francisco Sá Carneiro, procurando encontrar, na sua cronologia, factos relevantes e dados concretos que respondam a essa questão», lê-se na sinopse do volume publicado pela Alêtheia Editores.
O texto de apresentação destaca que «a robustez das convicções de Francisco Sá Carneiro, patente nas suas opções políticas, permanentemente determinadas pela centralidade que atribui à pessoa humana e à defesa da sua inviolável dignidade, confere à relação entre pensamento e acção uma coerência radical».
A nome do volume é o mesmo da dissertação final do Mestrado Integrado em Teologia concluído pelo autor, este ano, na Universidade Católica Portuguesa (Porto), enquanto «ensaio de Teologia Moral Social Narrativa».
Na introdução à tese, o autor considera que Sá Carneiro, nascido no Porto em 1934 e morto em Camarate, Loures, a 4 de dezembro de 1980, na sequência do despenhamento do avião em que viajava, em direção à cidade de nascimento, foi «defensor da liberdade, o adversário das ditaduras, o adepto da democracia, o deputado corajoso, o líder carismático, o governante firme, o Primeiro-Ministro estadista».
«Mas no subsolo deste território há raízes que importa descobrir. Elas são o sustento do seu pensamento, a força da sua ação», salienta Fernando Perpétua, que cita Miguel Veiga, também ele homem do Porto e um dos co-fundadores do Partido Popular Democrático (hoje PSD), ao lado de Sá Carneiro e outras personalidades, que faleceu esta segunda-feira.
«Miguel Veiga define Sá Carneiro como um político que “age como homem de pensamento e pensa como homem de ação”. “Nele o estilo é o homem." Homem de cepa, de fibra, "sem postiços nem disfarces de meias tintas"», assinala o autor.
Outras figuras da vida política nacional são convocadas para a introdução da tese de Fernando Perpétua: «Freitas do Amaral acrescenta: “homem vertical, de uma só cara e de um só parecer”. Amândio de Azevedo reforça: “honesto e fiel às suas convicções”. Durão Barroso vê nele alguém que tem “uma preocupação pela liberdade, que combina com o personalismo de raiz cristã”».
O atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sublinha de Sá Carneiro «a dimensão moral da vida, o carácter impoluto, a personalidade cortante, o culto da Pátria, o sentido de Estado», defendendo que «as suas convicções mais profundas têm origem no personalismo cristão e no reformismo bernsteiniano. Acentua a primeira. Destaca a importância de Emmanuel Mounier».
A tese de mestrado começa por observar o trajeto de Sá Carneiro, identificando experiências e momentos, para num segundo momento incidir sobre a sua vida «uma análise minuciosa: do que lê, do que pensa, do que escreve, do que diz, do que faz». Na terceira etapa coloca tudo em relação com o «objeto suspeito de ser a origem da influência: ora o Personalismo de Mounier, ora a Doutrina Social da Igreja», antes de detetar pontos de proximidade, zonas de convergência, áreas de contacto, espaços de coincidência».
Em anexo são incluídas as entrevistas a Marcelo Rebelo de Sousa, frei Bernardo Domingues, Amândio de Azevedo e Jorge Miranda.
"Francisco Sá Carneiro - Um católico na política" (272 pág., 17 €) vai ser apresentado na nova sede da Misericórdia do Porto, às 21h15, por António Tavares, provedor da instituição, e Jorge Teixeira da Cunha, que orientou a tese de mestrado.