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Ciclo "Visões e imagens contemporâneas de Cristo" reúne arte, cultura e teologia

Imagem Ciclo "Visões e imagens contemporâneas de Cristo" (det.) | D.R.

Ciclo "Visões e imagens contemporâneas de Cristo" reúne arte, cultura e teologia

A Faculdade de Teologia da Universidade Católica e o Auditório Vita, ambos de Braga, apresentam a 3 de março e 22 de abril o ciclo aberto "'Quem dizeis vós que Eu sou? - Visões e imagens contemporâneas de Cristo".

Previstos para o Auditório Vita das 18h00 às 22h00, os encontros, com entrada gratuita e tradução em simultâneo, abordam a figura de Cristo a partir da expressão artística atual, em relação com os pressupostos teológicos e culturais.

«Estas sessões públicas de cristologia pretendem ser uma oportunidade para a teologia académica entrar em diálogo profícuo com a arte contemporânea, mais especificamente com a pintura e o cinema, enquanto lugares intersticiais de sentido e de transfiguração existencial», sublinha o texto de enquadramento do projeto, que abaixo transcrevemos na íntegra.

A 3 de março, Jérôme Cottin, da Université Protestant de Strasbourg/Institut Catholique de Paris, profere a intervenção intitulada "Imagens contemporâneas de Jesus na arte dos sécs. XX-XXI: reflexão estético-cristológica".

Lloyd Baugh, Sj, da Candler School of Atlanta, é o convidado do dia 22 de abril, com o tema "Visões de Jesus Cristo no cinema contemporâneo", encontro antecedido pela exibição de "Su Re" ("Rei"), filme de 2013, inédito em Portugal, do cineasta italiano Giovanni Columbu.

As inscrições decorrem até 1 de março na secretaria da Faculdade de Teologia (Braga) ou nos serviços centrais da arquidiocese bracarense. O jantar, proposto, em opção, no intervalo das sessões, tem o custo de 4 euros.

 

"'Quem dizeis vós que Eu sou?' - Visões e Imagens contemporâneas de Cristo"

O ciclo de conferências "'Quem dizeis vós que Eu sou?' - Visões e Imagens contemporâneas de Cristo" terá como intuito fundamental refletir sobre os rostos de Cristo na arte contemporânea. A verdadeira arte é sempre expressão de uma visão do mundo e da história e do desejo espiritual do ser humano. Estas sessões públicas de cristologia pretendem ser uma oportunidade para a teologia académica entrar em diálogo profícuo com a arte contemporânea, mais especificamente com a pintura e o cinema, enquanto lugares intersticiais de sentido e de transfiguração existencial. Este ciclo será certamente uma oportunidade para os estudantes, docentes de religião e o público em geral acederem a outras fontes e fronteiras de reflexão nem sempre frequentadas e habitadas.

Hoje como outrora, a pergunta «Quem dizeis vós que Eu sou?» (Mc 8,29) evoca uma inquietação profunda em torno da identidade de Jesus Cristo. No seguimento desta questão fundamental, muitas outras emergem no confronto com a cultura hodierna. Será realmente Jesus Cristo (em seus atos e palavras) ainda nosso contemporâneo? Para além dos âmbitos tradicionais do crer religioso, de que modo a sua figuração é hoje visível, vivível e pensável? Qual o motivo do fascínio de tantos, em particular os artistas, por esta figura ímpar da história e da cultura mundial? Em que medida as formulações histórico-teológicas em torno da figura de Cristo são ainda plausíveis e compreensíveis?

Paradoxalmente, de tanto formulado ou refletida, pregada ou anunciada, afirmada ou negada, a questão colocada por Cristo parece ter caído no esquecimento, soçobrando o assentimento sem procura (teísmo) ou a recusa sem admiração (ateísmo). Dificilmente haverá ateu ou agnóstico, filósofo ou cientista, romancista ou poeta, pobre ou rico, judeu, muçulmano ou budista… que, em algum momento da sua existência, não se tenha confrontado com Jesus Cristo. Ao longo dos tempos, o artistagénio (pintores, poetas ou cineastas…), indo além de toda a ortodoxia, não sem o risco de pretensão narcísica desmesurada, procurou assumir radicalmente a Páscoa de Cristo, vendo-se a si mesmo, na sua solidão criativa ou na incompreensão cultural, como um outro Cristo. É através dessa empatia crística, de despojamento (kenose), que o cristianismo, em sua manifestação evangélica, se torna pertinente, audaz e profético no seio da cultura contemporânea.

Este movimento espiritual de kenose, de procura, de fascínio e de mistério, diante da encarnação do "Verbo de Deus que deveio carne" (cfr. Jo 1,14), tem sido uma constante no diálogo entre a espiritualidade cristã e a arte. O movimento artístico moderno-contemporâneo, que alguns procuram ver obsessivamente como arte degenerativa, insere-se nesse grande movimento espiritual da humanidade. Colhendo o despojamento de Cristo e a sua dádiva incondicional na ‘folia da cruz’ (cfr. 1Cor1,18), o artista faz-se solidário com o Filho do homem e com as vítimas da história. O escultor Rui Chafes di-lo do seguinte modo: «O perigo que Jesus representou (e ainda representa) é o de ser alguém para quem não existem leis, apenas exceções, alguém que aparece para questionar e destabilizar o que está empedernido» (in "Entre o céu e a terra").

Para nos guiar com competência neste itinerário questionante, contaremos com a presença de Jérôme Cottin (3 de março) e de Lloyd Baugh Sj (22 de abril). Ambos os intervenientes são académicos com experiência fecunda no diálogo prático com os artistas. Um é calvinista francófono (Jérôme Cottin), o outro é cristão católico canadiano (Lloyd Baugh).

Os encontros são de entrada gratuita e abertos a todas as pessoas interessadas em conhecer as ‘razões da fé e da esperança’ (cfr. 1P 3,15) cristã em Jesus, o Cristo.

 

Publicado em 10.02.2016

 

Informações: geral@auditoriovita.com

 

 
Imagem Ciclo "Visões e imagens contemporâneas de Cristo" (det.) | D.R.
Será realmente Jesus Cristo (em seus atos e palavras) ainda nosso contemporâneo? Para além dos âmbitos tradicionais do crer religioso, de que modo a sua figuração é hoje visível, vivível e pensável? Qual o motivo do fascínio de tantos, em particular os artistas, por esta figura ímpar da história e da cultura mundial?
Este movimento espiritual de kenose, de procura, de fascínio e de mistério, diante da encarnação do ‘"Verbo de Deus que deveio carne", tem sido uma constante no diálogo entre a espiritualidade cristã e a arte. O movimento artístico moderno-contemporâneo, que alguns procuram ver obsessivamente como arte degenerativa, insere-se nesse grande movimento espiritual da humanidade
Diz o escultor Rui Chafes: «O perigo que Jesus representou (e ainda representa) é o de ser alguém para quem não existem leis, apenas exceções, alguém que aparece para questionar e destabilizar o que está empedernido»
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