A Faculdade de História e Bens Culturais da Igreja da Pontifícia Universidade Gregoriana realiza a 17 e 18 de março, em Roma, o colóquio internacional "A experiência religiosa cristã do ver e do ouvir", com a intervenção de dois portugueses.
De que forma os artistas podem hoje acolher o apelo da Igreja para «a promoção das artes na obra evangelizadora, em continuidade com o passado, mas também na multiplicidade do presente, para encontrar novos sinais, novos símbolos, uma nova carne para a transmissão da Palavra, sem obscurecer o laço inseparável entre verdade, bondade e beleza?».
Esta é um dos questionamentos que a iniciativa, com entrada gratuita, se propõe debater, no seguimento das palavras do papa Francisco na exortação "A alegria do Evangelho":
«Anunciar Cristo significa mostrar que crer nele e segui-lo não é algo apenas verdadeiro e justo, mas também belo, capaz de cumular a vida dum novo esplendor e duma alegria profunda, mesmo no meio das provações. Nesta perspetiva, todas as expressões de verdadeira beleza podem ser reconhecidas como uma senda que ajuda a encontrar-se com o Senhor Jesus (...) É desejável que cada Igreja particular incentive o uso das artes na sua obra evangelizadora, em continuidade com a riqueza do passado, mas também na vastidão das suas múltiplas expressões actuais, a fim de transmitir a fé numa nova "linguagem parabólica"» (n.º 167).
Como é que as artes se dispõem para que os fiéis e todos os seres humanos possam fazer uma «experiência religiosa verdadeira e autêntica da Palavra de Deus» inscrita no quotidiano?, interrogam os organizadores.
«Se se interrogam a teologia ou a filosofia sobre a verdade da arte, tem-se a impressão de se estar restringido a resultados genéricos, que dificilmente podem servir de apoio aos artistas. Por isso parece importante indagar a possibilidade de uma teologia das imagens - a par daquela que poderia ser uma teologia do som - e uma teologia estética, questionando, antes de tudo, em que "plano", em que "termos" e com que "instrumentos" se pode e é conveniente procurar a resposta à pergunta: quando é que as imagens ou as obras musicais são significativas, belas e verdadeiras para uma experiência de fé cristã no hoje?»
O programa do colóquio começa e termina com a intervenção de dois portugueses: a abrir, o reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana, François-Xavier Dumortier, padre jesuíta, acompanhado por Nuno da Silva Gonçalves, membro da comissão científica e decano da Faculdade de História e Bens Culturais da Igreja, também sacerdote da Companhia de Jesus, proferem a saudação inicial; a intervenção conclusiva está a cargo do bispo D. Carlos Azevedo, delegado do Pontifício Conselho da Cultura.
"Teologia e arte contemporânea", "Ver e olhar, ouvir e escutar, memória e maravilha", "A arte contemporânea na encruzilhada: após a desintegração transcendental, a escuta do 'Logos'", "A parábola evangélica e a 'morte da arte'", "Que arte para a liturgia hoje?", "O som do Verbo: para além da desolação do exílio e os clamor da globalização", "James Turrell e a pedagogia da perceção" e "Esperança cristã e arte hoje" constituem alguns dos temas das conferências e debates que convocam perto de 30 especialistas em teologia e arte contemporânea.
As inscrições, obrigatórias, terminam a 28 de fevereiro.
Rui Jorge Martins