Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura

Como se sente quem paga 200 euros por um jantar e ignora o faminto?, pergunta papa

Como se sente quem paga 200 euros por um jantar e ignora o faminto?, pergunta papa

Imagem Barcelona_dreams/Bigstock.com

O significado da penitência cristã, a que a Quaresma apela com insistência como meio de aproximação a Deus e às pessoas necessitadas, e a hipocrisia que a ela muitas vezes se associa, foram os principais temas da homilia que o papa pronunciou na missa a que hoje presidiu, no Vaticano.

Francisco criticou quem faz «jejum para se fazer notar ou para se sentir justo» e ao mesmo tempo não é justo e explora os trabalhadores ao seu serviço, refere a Rádio Vaticano.

«"Eu sou generoso, farei uma bela oferta à Igreja"; "Mas, diz-me, pagas justamente à tua empregada doméstica? Aos teus colaboradores pagas fugindo à Segurança Social? Ou como estabelece a lei, para que possam dar de comer aos seus filhos?"», questionou.

O papa recordou um acontecimento ocorrido logo após a II Guerra Mundial ao padre jesuíta Pedro Arrupe, quando era missionário no Japão: um homem de negócios rico queria fazer uma doação para a atividade evangelizadora do religioso, mas com ele estavam um fotógrafo e um jornalista.

«Isto é o mesmo que nós fazemos quando não pagamos o que é justo à nossa gente. Tomamos das nossas penitências, dos nossos gestos de oração, de jejum, de esmola, tomamos uma parte: a parte da vaidade, do fazer ver-se. E isso não é autenticidade, isso é hipocrisia», frisou.



«O jejum que me agrada não será antes este: quebrar as cadeias injustas, desatar os laços da servidão, pôr em liberdade os oprimidos, destruir todos os jugos? Não será repartir o teu pão com o faminto, dar pousada aos pobres sem abrigo, levar roupa aos que não têm que vestir e não voltar as costas ao teu semelhante?»



Quando Jesus apela aos discípulos para rezarem ocultamente, para não fazem soar a trompeta quando dão esmola, ou não terem um rosto carregado quando jejuam, «é o mesmo que dissesse: "Por favor, quando fizerdes uma boa obra, não tomeis o que não é devido desta boa obra, é só para o Pai"».

Na primeira leitura proclamada nas missas desta sexta-feira, terceiro dia da Quaresma (Is 58, 1-9a), o profeta Isaías questiona: «Será este o jejum que me agrada no dia em que o homem se mortifica? Curvar a cabeça como um junco, deitar-se sobre saco e cinza: é a isto que chamais jejum e dia agradável ao Senhor?»

«O jejum que me agrada não será antes este: quebrar as cadeias injustas, desatar os laços da servidão, pôr em liberdade os oprimidos, destruir todos os jugos? Não será repartir o teu pão com o faminto, dar pousada aos pobres sem abrigo, levar roupa aos que não têm que vestir e não voltar as costas ao teu semelhante? Então a tua luz despontará como a aurora e as tuas feridas não tardarão a sarar», aponta o profeta.

A terminar, Francisco lançou um apelo: «Pensemos nestas palavras, pensemos no nosso coração, como jejuamos, oramos, damos esmola. E também nos ajudará pensar o que sente um homem após um jantar, que por ele pagou 200 euros, por exemplo, e regressa a casa e vê um esfomeado e não o olha e continua a caminhar. Far-nos-á bem pensar nisso».



 

SNPC
Fonte: Rádio Vaticano
Publicado em 03.03.2017

 

 
Relacionados
Destaque
Pastoral da Cultura
Vemos, ouvimos e lemos
Perspetivas
Papa Francisco
Teologia e beleza
Impressão digital
Pedras angulares
Paisagens
Umbrais
Mais Cultura
Vídeos