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Música: Da fé dos escravos nasceu um património da humanidade

A voz de todo um povo, enraizada na mais profunda tradição musical americana, está idealmente representada pela do barítono Lester Lynch, que se faz, de facto, literalmente, "porta-voz" do grande repertório dos espirituais, cujas origens mais antigas remontam há séculos longínquos.

«Um excecional património espiritual nacional e o maior dom do povo afro-americano aos Estados Unidos», assim o definiu o cantor, que no CD "On my journey now - Spirituals & hymns" recolheu uma significativa e fascinante antologia de 25 canções dos tempos de escravidão e trabalho nas plantações, hinos bíblicos e religiosos, aspirações de esperança e liberdade.

Títulos como o celebérrimo "Nobody knows the trouble I've seen", "Deep river", "Ain't-a that Good News", "Joshua fought the battle of Jericho", mas também trechos do mais pronunciado cunho espiritual, de "Go down Moses" (em que os trabalhadores oprimidos ao longo das margens do rio Mississippi se comparam aos israelitas no Egito) a "My Lord what a morning", de "Give me Jesus give me Jesus" à esplêndida "Amazing Grace", escrita no século XVIII por um ex-mercador de escravos arrependido e convertido.

«Concebidas sob condições de tremenda privação, essas canções carregadas de emoção falam da indomável vontade humana de viver e triunfar sobre o desespero contra as adversidades. Desafiadoras e jubilosas, comunicam o desejo insaciável de liberdade e salvação», refere o texto de apresentação das 24 canções.

Lynch é um artista que cantou com as melhores orquestras do mundo, das Filarmónicas de Berlim, à de Nova Iorque. O seu timbre é quente e profundo, por vezes um pouco demasiado desequilibrado para uma abordagem melodramática, mas consegue exprimir autenticamente a carga e a intensidade emocional, a mensagem provocadora e edificante, o imediatismo e a simplicidade das peças.

Das músicas, das quais também compôs os arranjos, Lester Lynch reconhece um valor relevante: «Estas canções tiveram um efeito profundo sobre a história americana e eu interpreto-as para honrar aqueles que lutaram (e morreram) pela liberdade; é minha esperança de que possam fazer renascer a luz da liberdade e da fé para cada ouvinte».









 

Andrea Milanesi
In Avvenire
Trad. / edição: SNPC
Imagem: Capa | D.R.
Publicado em 27.04.2018

 

 

 
 
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