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"Em viagem": Papa fala das suas deslocações e revela episódios desconhecidos em novo livro

"Em viagem": Papa fala das suas deslocações e revela episódios desconhecidos em novo livro

Imagem Capa | D.R.

O papa conta alguns dos principais momentos das suas viagens após o início do pontificado, bem como episódios desconhecidos pelo grande público, no livro "In viaggio" ("Em viagem"), lançado esta terça-feira, em Itália.

Na entrevista ao jornalista transalpino Andrea Tornielli incluída no volume publicado pela editora Piemme (348 páginas), Francisco afirma que é «rotineiro» e recorda que nunca apreciou viajar.

A primeira viagem após a eleição, a Lampedusa, conta o papa, não foi programada mas sentiu «que deveria» deslocar-se à ilha italiana do Mediterrâneo: «Tocaram-me e comoveram-me as notícias sobre os migrantes mortos no mar», «era importante ir lá».

«Digo-me sempre: valeu a pena», afirma Francisco quando, no regresso ao Vaticano, medita nas viagens, e sublinha que é importante para ele ir ao encontro das Igrejas, «para encorajar as sementes de esperança».

Sobre a escolha dos destinos, explica: «Preferi privilegiar países aos quais posso levar uma pequena ajuda, encorajar aqueles que, apesar das dificuldades, trabalham pela paz e a unidade. Países que são ou estiveram em graves dificuldades».



«Estou convicto de que não serão as burocracias e os instrumentos da alta finança que nos salvarão da crise atual e resolverão os problemas colocados pela imigração»



«Isto não significa que não presto atenção à Europa, que encorajo, como posso, a redescobrir e a colocar em práticas as suas raízes mais autênticas, os seus valores», declara.

«Estou convicto de que não serão as burocracias e os instrumentos da alta finança que nos salvarão da crise atual e resolverão os problemas colocados pela imigração», acrescenta Francisco, que considera este fenómeno a urgência mais importante para a União Europeia após a II Guerra Mundial.

Referindo-se ao entusiasmo das pessoas à sua passagem, Francisco afirma, retomando uma frase de João Paulo I: «Pensa que o jumento sobre o qual estava Jesus quanto entra em triunfo em Jerusalém alguma vez imaginou um segundo que seja que todos os aplausos eram para ele?».

«O papa deve estar consciente de que "leva" Jesus, que testemunha a proximidade e a ternura de Jesus a todas as criaturas, e em particular àquelas que sofrem», e lembra que várias vezes recomendou que se gritasse «viva Jesus» àqueles que gritavam «viva o papa».



«Talvez seja inconsciente. Mas se eu não experimento nenhum medo para a minha pessoa, estou sempre preocupado com a segurança daqueles que viajam comigo e sobretudo a das pessoas que encontro nos vários países»



Sobre as questões de segurança, Francisco agradece à polícia do Vaticano e aos guardas suíços por se terem adaptado ao seu estilo pouco protocolar e mantém que não pode ser um pastor atrás dos vidros blindados de um papamóvel fechado.

«Talvez seja inconsciente. Mas se eu não experimento nenhum medo para a minha pessoa, estou sempre preocupado com a segurança daqueles que viajam comigo e sobretudo a das pessoas que encontro nos vários países», refere.

Francisco admite que «há sempre o risco de um gesto irrefletido de um louco», mas também «há sempre o Senhor».



Um papa peregrino da paz, mas também um profeta incómodo, que convida as Igrejas locais a retomarem a proximidade aos setores mais marginalizados da sociedade



Nota de apresentação (Editora)

«Depois de ter entrevistado o papa Francisco para o livro "O nome de Deus é Misericórdia", publicado em todo o mundo, o vaticanista Andrea Tornelli - que no avião papal seguiu todas as visitas apostólicas - decidiu contar os grandes temas e os gestos deste pontificado através das etapas internacionais realizadas por Bergoglio.

Itália, Brasil, Cuba, EUA, África, Ásia, mas também Lesbo, Sarajevo, Lund... Territórios fascinantes e cidades emblemáticas, lugares complexos e populações heterogéneas, que viram o pontífice denunciar com decisão o narcotráfico, a venda de armas, a corrupção, e mesmo a escravatura em certos setores da economia, e definir como tragédia humanitária a questão das migrações do Sul ao Norte do mundo. Um papa peregrino da paz, mas também um profeta incómodo, que convida as Igrejas locais a retomarem a proximidade aos setores mais marginalizados da sociedade.

Sem negligenciar a narração de episódios inéditos e saborosos por trás dos bastidores dos voos papais, Tornielli centra-se em alguns encontros significativos: de Obama a Fidel Castro, de Bartolomeu I ao patriarca russo Cirilo, de Abu Mazen a Shimon Peres.

Na conversa exclusiva com o vaticanista, o papa conta igualmente as histórias públicas e privadas das travessias oceânicas e a recusa categórica de se submeter a rígidas normas de segurança no abraço com a multidão (...).»



 

Nicolas Senèze
In "La Croix"
Com SNPC
Publicado em 10.01.2017

 

 

 
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