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Gonçalo M. Tavares e D. Manuel Clemente: uma conversa entre o imaginário e a relação, com a sombra do desemprego

A imaginação e a relação, a crença em Deus e a sombra do desemprego, foram alguns dos temas da conversa entre o patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e o escritor Gonçalo M. Tavares, que decorreu esta sexta-feira em Lisboa.

Para Gonçalo M. Tavares, a imaginação, enquanto «possibilidade de ver imagens que não são as que estão à frente dos olhos», é uma capacidade que «eleva» o ser humano.

«Temos claramente duas vidas: a concreta, que olha e toca os objetos, e a vida do imaginário, grandiosa, que pode ser utilizada para escrever livros, fazer filmes e estar feliz no meio do caos», e que «pode ser tão forte e robusta» como a primeira.

É demasiado «pedir a alguém que tenha um imaginário luminoso quando a sua tragédia é cada vez mais concreta», como acontece com o «desemprego», mas «quem desenvolveu um imaginário forte consegue resistir melhor à violência real».

«A construção do imaginário que não corresponde às imagens que os nossos olhos vêem é qualquer coisa de indispensável e que temos desvalorizado muito», vincou.

Gonçalo M. Tavares criticou o atual «fascínio muito infantil com as máquinas» e o «progresso técnico que corresponde a um retrocesso humano», como acontece com aquele que conduz aos despedimentos.

D. Manuel Clemente salientou, por seu lado, que «qualquer fechamento é o não ser», pelo que é através da «abertura» da relação – chave pela qual, no seu entender, se deve ler a primeira exortação do papa Francisco, “A alegria do Evangelho” – que se «torna em ato o que até então era potencial».

Referindo-se igualmente ao desemprego, o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa realçou que «a realidade suscita a imaginação, e a imaginação desperta a responsabilidade».

Sobre a crença em Deus, o escritor destacou a sua «não localização orgânica», enquanto que o patriarca salientou que se trata de uma «conversa que nunca mais acaba» porque «nunca está compreendida».

A conversa entre Gonçalo M. Tavares e D. Manuel Clemente decorreu durante a gravação do programa de cultura “Ensaio geral”, que a Renascença transmite às sextas-feiras, às 23h30.

O perdão, a família e o papa Francisco foram algumas das questões colocadas aos convidados pela jornalista Maria João Costa, numa emissão de que é possível ver alguns excertos no site da Renascença (cf. “Contactos e ligações”).

A terminar, como uma mensagem de Natal, D. Manuel Clemente recordou o «gesto aparentemente inútil, em forma de cruz, feito há dois mil anos e que continua a produzir muito fruto», aludindo a uma das fotografias do último livro de Gonçalo M. Tavares, “Atlas do Corpo e da Imaginação”.

O escritor pede para este Natal não continuar a ver «pessoas acabadas de sair da universidade a olhar para o mapa do mundo à procura de um sítio para onde ir»: «Elas não têm o desejo de sair; é algo de mais triste».

«Uma coisa é olhar para o mapa quando se quer avançar para o mundo de forma tranquila e entusiasmada; outra coisa é olhar para ele como quem pede piedade de um cantinho do mundo, como se lhe pudesse dar alguma coisa de que eles precisam e que, infelizmente, não está a ser dado aqui», referiu Gonçalo M. Tavares.

Um presente de Natal que D. Manuel Clemente subscreveu e o alargado às pessoas com mais idade e que além de terem perdido o trabalho, também já não dispõem da energia da juventude: «Há tanta coisa para fazer…».

O próximo programa “Ensaio geral” na Livraria Ferin vai reunir o filósofo José Gil e o escritor Pedro Vieira, numa sessão marcada para 10 de janeiro.

Foto

 

Rui Jorge Martins
© SNPC | 16.12.13

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FotoD. Manuel Clemente,
Maria João Costa e
Gonçao M. Tavares

 

 

 

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