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Igreja Católica em Portugal «precisa de acordar» para a Pastoral da Cultura, diz diretor

A Igreja Católica em Portugal «precisa de acordar» para a Pastoral da Cultura, que é um setor «transversal» à vida da Igreja e da sociedade,.considera o diretor do Secretariado Nacional, padre José Tolentino Mendonça.

«O território da cultura é o território do humano. É o território dos modelos e estilos de vida, dos valores que estão em causa, e também das grandes expressões de busca de sentido e de razões de viver, que na arte encontram, sem dúvida, um lugar privilegiado, mas que não se esgotam nela», acentua.

A par de um« empenhamento mais claro e mais abrangente» na Pastoral da Cultura que favoreça a passagem das «intenções» às «concretizações», o Encontro de Referentes constitui uma oportunidade para a «definição de linhas programáticas que possam criar sinergias, favorecer circulações de projetos, gerar intercâmbios de pessoas, iniciativas e ideias».

 

Quais são os objetivos do Encontro de Referentes da Pastoral da Cultura?

Este Encontro acontece num contexto marcado pela incerteza social, por um sofrimento que se espalha e que, em grande parte, é trazido pelas dificuldades económicas que geram turbulência em Portugal e na Europa. Este tempo difícil é oportuno para falar de cultura e para pensar o que pode ser uma ação da Igreja neste domínio.

A cultura tem a ver com as aspirações e modelos de vida que em cada época somos capazes de viver e propor. Hoje, a crise não tem apenas uma expressão financeira mas é uma crise antropológica, de cultura e de civilização.

Nesse sentido esta é uma hora favorável para perguntar o que queremos ser, quais os caminhos para a construção de uma sociedade digna desse nome, qual o contributo que o cristianismo pode ser como fermento de uma cultura autêntica e ao serviço da pessoa; esta é uma ocasião propícia para interrogar como é que recriamos as nossas linguagens e projetos, como é que traduzimos culturalmente a proposta cristã.

Estes são desafios fundamentais num contexto de evangelização. Estamos a viver o Ano da Fé [até 24.11.2013] e a memória da abertura do Concílio Vaticano II [1962-1965]. Como há 50 anos, este é um momento de encruzilhada. Precisamente porque há demasiados fatores em jogo, precisamos de reflexão, de aprofundar, de questionar e perceber. E é aqui que entra a Pastoral da Cultura, porque é ela que permite uma radiografia da Igreja e da sociedade.

Penso que é necessário uma grande mobilização do interior da Igreja, dos Referentes da Pastoral da Cultura, daqueles e daquelas que têm a tarefa de projetar este setor nas dioceses, movimentos e realidades eclesiais, para que existam respostas. As perguntas, neste momento, não faltam. O que faltam são respostas consistentes, organizadas, portadoras de uma esperança e densidade genuinamente evangélicas. Este é um apelo muito grande a que esta necessidade de reflexão e programação se possa efetivar num Encontro de Referentes muito participado.

 

Estamos habituados a falar da Pastoral da Cultura enquanto departamento que se liga sobretudo à arte e aos artistas; os propósitos que traçou na resposta anterior superam essa perspetiva...

Claramente. Antes de tudo, o território da cultura é o território do humano. É o território dos modelos e estilos de vida, dos valores que estão em causa, e também das grandes expressões de busca de sentido e de razões de viver, que na arte encontram, sem dúvida, um lugar privilegiado, mas que não se esgotam nela. Passa por aquilo que os media expressam, tem a ver com a forma como nos divertimos, que coisas nos fazem felizes ou infelizes, o que interiormente a sociedade busca, o que é verdadeiro e falso, o que é o bem e o mal... No fundo o debate que funda o humano é que é o debate da Pastoral da Cultura.

Por isso a Pastoral da Cultura é sempre muito transversal e abrangente ao reunir os artistas, mas também a universidade, a ciência, o mundo do espetáculo, dos media, das escolas, das associações culturais e grupos vários procuram fazer uma experiência cristã relevante e significativa para o mundo de hoje.

 

Muitas dioceses continuam sem Referente da Pastoral da Cultura nomeado pelo bispo; este setor é um parente pobre da Igreja Católica em Portugal?

Penso que a mentalidade já se alterou mas ainda há muito para fazer. Em grande medida a Pastoral da Cultura ainda é um parente pobre mas há sinais de uma consciência nova de que o caminho da evangelização tem de passar por aí.

Tem de haver um reconhecimento de que a Igreja não pode apenas falar apenas para o seu interior. Se não recorrer a uma linguagem cultual, o discurso eclesial não toca as pessoas. Por isso a Pastoral da Cultura é uma ferramenta e um campo de ação que cada vez precisam de um reconhecimento maior.

 

O que se espera deste Encontro de Referentes?

Por um lado a consolidação da rede de Referentes a nível nacional. Que a Igreja em Portugal se empenhe na Pastoral da Cultura, passando do domínio das intenções ao domínio das concretizações. Que haja um empenhamento mais claro e mais abrangente neste campo.

Por outro, a definição de linhas programáticas que possam criar sinergias, favorecer circulações de projetos, gerar intercâmbios de pessoas, iniciativas e ideias, fecundando um lastro maior no interior da Igreja e respirando dela para a sociedade. Mas neste campo a Igreja em Portugal precisa de acordar.

 

Rui Jorge Martins
© SNPC | 29.01.13

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