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Fé e cultura

Igreja católica tem de sair da "sacristia"

O teólogo Bento Domingues considera que primeiro encontro internacional do “Pátio dos Gentios”, organismo do Vaticano para o diálogo com os não crentes, recorda que o encontro da Igreja Católica com a sociedade não se restringe aos templos.

Em declarações à Agência Ecclesia, o religioso afirma que a iniciativa, marcada para hoje e sexta-feira em Paris, assinala «que há uma pluralidade de espaços e tempos para o acolhimento, diálogo e proposta» que não «são de sacristia nem de paróquia».

O encontro na capital francesa «começa o método de não esperar que as pessoas se dirijam ao encontro da Igreja mas que esta vá onde elas vivem» declara o padre pertencente à Ordem dos Pregadores (Dominicanos).

«Posso criticar o “Pátio dos Gentios” se for um ato isolado», afirma o religioso, acrescentando que a iniciativa deveria ser como «uma explosão que partisse para todos os países».

Em Portugal já existem «esboços» da relação entre «cultura e evangelização» por parte de congregações religiosas e dioceses, mas é «necessário dar amplidão a esses eventos porque quase parecem atividades semiclandestinas e mais permitidas do que desejadas».

Depois de considerar que os bispos de Portugal são «muito acolhedores e dialogantes», o teólogo defende a necessidade de concretizar «alguns gestos a nível nacional e diocesano que marquem uma nova etapa» no relacionamento entre catolicismo e cultura.

«Uma Igreja que fala mais do que escuta, está falhada», frisa o religioso, que admite a existência de movimentos que optam pela «rutura» no que se refere à relação com tendências opostas ao cristianismo.

Bento Domingues gostaria de ver «o conjunto dos cristãos» a capacitar-se para “um diálogo ativo” com “não crentes e membros de outras religiões: «Diz-se que a Igreja está à escuta, mas a Igreja é muita gente; não é só a hierarquia nem os padres».

«Não haveria instâncias para convocar as pessoas que vão à missa para escutarem os problemas que existem na sociedade, as inquietações religiosas, sociais e culturais?», interroga.

O teólogo salienta que a celebração dos 50 anos do Concílio Vaticano II (1962-1965), assembleia que constituiu uma «grande abertura da Igreja ao mundo», está «completamente esquecida» em Portugal.

O religioso defende que além dos encontros solenes é preciso estimular os «pátios informais», ou seja, «a vida quotidiana dos cristãos com outras pessoas, em diálogo e não em agressão».

Mais do que «dar respostas», é preciso desenvolver a «capacidade de ouvir e caminhar com os outros», sublinha Bento Domingues, para quem o lugar do encontro da Igreja com a humanidade «é a vida dos cristãos semeada na própria sociedade».

O “Pátio dos Gentios” era o único local no templo de Jerusalém, o espaço de culto mais importante para os judeus ao tempo de Jesus, em que era permitido o acesso a pessoas que não pertenciam à religião judaica.

 

Rui Martins
In Agência Ecclesia
24.03.11

Foto
Igreja de Notre Dame, Paris
Atlantide Phototravel/Corbis



















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