No quarto salmo do Saltério lemos esta corajosa invocação: «Muitos dizem: "Quem nos fará ver o bem?". Resplandeça sobre nós, Senhor, a luz do teu rosto. Pois Tu dás uma alegria maior ao meu coração do que a daqueles que têm trigo e vinho em abundância». Estas palavras adaptam-se perfeitamente a Madre Teresa de Calcutá. O seu rosto palpitava alegria, irradiava luz, transmitia paz. Porquê? Porque Madre Teresa tinha o coração repleto de Deus e, onde existe Deus, existe o Paraíso na Terra.
A 5 de setembro de 1997, quando Madre Teresa fechava os olhos para este mundo, em Calcutá abateu-se um violentíssimo temporal. Na zona da casa das Missionárias da Caridade faltou a eletricidade por várias horas: assim, a mulher infatigável que tinha dado luz a tanta gente morreu na escuridão. Não é um sinal do Céu? Não é uma clara mensagem de Jesus, que tinha dito a Madre Teresa: «Sê a minha luz»? Sim, Jesus queria dizer-nos isto: «Vim tomar comigo Madre Teresa. Agora cabe a vós recolher a luz que ela irradiava no mundo, agora cabe a vós enviar luz ao mundo».
Os santos não têm necessidade de serem aplaudidos; os santos pedem-nos para continuar a sua obra, pedem-nos para ter acesa a lâmpada do seu exemplo e o fogo do amor que acenderam na Terra.
Poucos dias após a santa morte de Madre Teresa, Roberto Gervaso, um homem que se declara distante dos horizontes da fé, escreveu: «Madre Teresa era sincera: sentia-se que sentia. Não tinha necessidade de agradar nem à imprensa cor de rosa - a pior -, nem aos descarados aduladores com caneta e Nikon.
Não tinha necessidade de agradar porque quem se investe de uma missão, quem vive, luta e morre pelos outros, não se preocupa em agradar aos outros. Que é a única maneira de agradar a todos.
Madre Teresa não procurou a ribalta, e todavia (...) teve uma imensa fama, que o tempo, longe de fazer vacilar, tornará ainda mais sólida. Dos rejeitados a infatigável irmã de Skopje conheceu o rosto e deles soube colher as palpitações e os frémitos.
Durante décadas arrancou dos passeios de Calcutá quem esperava febril, exangue, acabado (...) a morte. Durante décadas passou a mão sobre frontes chagadas, caras escavadas, corpos obscenamente ulceradas filhos de Deus que poderiam ter maldito Deus. Mas que não o amaldiçoaram porque tinham próximo esta irmã minúscula e gigante, pequena e grandiosa, vigária e emissária de Deus».
Madre Teresa diz-nos hoje: «Continuai vós, continuai a semear amor no mundo, porque dele há ainda muita necessidade».
Card. Angelo Comastri