É habitual descobrir, no coração das igrejas, tesouros de ourivesaria relativos a cálices e taças dos séculos passados. Menos frequente é a criação contemporânea destas obras de arte.
Por ocasião dos mil anos do início da construção das fundações (1015-2015), os responsáveis da catedral de Estrasburgo, em França, decidiram dotar a igreja de um novo conjunto litúrgico que inclui um grande cálice e uma dezena de taças destinadas às hóstias.
A iniciativa resultou de uma parceria entre o arcebispo de Estrasburgo, a paróquia da catedral e uma escola de artes, associando ao projeto jovens designers.
Após o processo de descoberta dos desafios, utilização e regras litúrgicas inerentes à encomenda, vários estudantes envolveram-se em pesquisas cada vez mais aprofundadas.
Dois professores coordenaram as experiências, e em janeiro deste ano três criadores apresentaram os seus projetos finais ao júri precidido pelo arcebispo de Estrasburgo, D. Jean-Pierre Grallet.
Pela força simbólica e pureza de formas, a escolha recaiu no trabalho de Caroline Manowicz, aluna do 4.º ano de Design. O conjunto foi utilizado pela primeira vez a 6 de setembro, na missa em que se assinalou o encerramento das celebrações dos mil anos.
O cálice muito aberto convida os padres a comungar juntos por intinção. As patenas, para a distribuição das hóstias, são apresentadas no altar como um só objeto. A seguir, os padres "desfolham" este conjunto, que se desmultiplica em dez.
Esta multiplicação visual evoca o milagre da multiplicação dos pães por Jesus, relatado por Mateus e Marcos nos Evangelhos.
O conjunto é realizado em cobre revestido a ouro rosa. Cada peça repousa sobre uma "fundação" em grés rosa, também usado na catedral de Estrasburgo que se prolonga pelo pé do cálice e da taça que suporta as nove patenas.
In "Narthex"