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O átrio dos gentios - Crentes e não crentes perante o mundo de hoje

O livro “O átrio dos gentios – Crentes e não-crentes perante o mundo de hoje” foi apresentado na manhã deste sábado em Braga, aproveitando a presença em Portugal de um dos seus co-autores, o cardeal italiano Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho da Cultura, que assina o texto "A flor do diálogo", pré-publicado no site do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (ver "Artigos relacionados").

O volume (ed. Paulinas), que inclui contribuições de Júlia Kristeva, Sérgio Givone, Massimo Cacciari, Augusto Barbera, VIncenzo Balzani e Giuliano Amato, abre com uma nota de apresentação de D. Pio Alves, bispo auxiliar do Porto e presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, que transcrevemos seguidamente.

Pórtico
D. Pio Alves

Paulo VI escreveu em 1975, em pleno verão conciliar, uma notável exortação apostólica que, por isso mesmo, não perde atualidade. Entre tantos outros conteúdos a reter, escreve: «A rutura entre o Evangelho e a cultura é sem dúvida o drama da nossa época, como o foi também de outras épocas. Assim, importa envidar todos os esforços no sentido de uma generosa evangelização da cultura, ou mais exatamente das culturas. Estas devem ser regeneradas mediante o impacto da Boa Nova». E mais adiante: «O Evangelho que nos foi confiado é também palavra da verdade. (…) Verdade sobre Deus, verdade sobre o homem e sobre o seu misterioso destino e verdade sobre o mundo. Difícil verdade que nós procuramos na Palavra de Deus e da qual nós somos, insistimos ainda, não os árbitros nem os proprietários, mas os depositários, os arautos e os servidores».

Este é o programa da relação do Cristianismo com todo o mundo – e todos os seus mundos –, que é seu porque é de Deus e, por isso, de todos. Este programa, este projeto, este modo de estar, como se distancia do receio escondido na conhecida pergunta de Tertuliano: «Que tem que ver Atenas e Jerusalém? ou a Academia e a Igreja?». Felizmente, não obstante as vicissitudes da História, a Igreja não optou por fechar-se sobre si mesma e não deixou que vingassem os medos como norma.

O Átrio dos Gentios, concebido pelo Conselho Pontifício da Cultura, não é, certamente, a moda que esgota a evangelização: é uma iniciativa que sublinha, de um modo criativo, a vocação missionária da Igreja. Não é um exercício de indiferença; não é uma mera sobreposição de pareceres; não é um modo camuflado de caça ao não crente. Será um diálogo em «se realiza a união da verdade e da caridade, da inteligência e do amor» se, como recorda Paulo VI na encíclica Ecclesiam suam, estiverem presentes a clareza, a mansidão, a confiança, a prudência.

Sem fazer calendários para que Deus os cumpra, sem pressa nem pressão, ao discípulo de Jesus Cristo cabe-lhe a missão de semear, respeitando o ritmo de cada semente e a legítima especificidade de cada campo semeado; como recorda Bento XVI, é sua missão «pôr-se a caminho para conduzir os homens fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o Filho de Deus, para Aquele que dá a vida, a vida em plenitude».

O livro que agora se oferece aos leitores de língua portuguesa é uma feliz demonstração da viabilidade e interesse deste projeto. Tendo em fundo o espaço físico e cultural da Universidade de Bolonha, são oferecidas abordagens onde, tanto como a variedade e qualidade dos conteúdos, sobressaem os modos.

E, frequentemente, estamos mais necessitados de modos que de conteúdos! Na harmoniosa convivência humana como na mediação para a fé, um gesto de respeito ou um sorriso sincero podem ter mais força que um argumento contundente.

In O átrio dos gentios - Crentes e não-crentes perante o mundo de hoje, ed. Paulinas
20.11.12

O átrio dos gentios - Crentes e não-crentes perante
o mundo de hoje

Autores
Gianfranco Ravasi, Julia Kristeva, Sergio Givone, Massimo Cacciari, Augusto Barbera, Vincenzo Balzani, Giuliano Amato

Editora
Paulinas

Ano
2012

Páginas
152

Preço
11,00 €

ISBN
978-989-673-268-4