Bíblia
Biblioteca de estilos literários
(...) A Bíblia é, em si, uma biblioteca, constituída por uma pluralidade de estilos literários. Longe vão os tempos em que se ignorava essa diversidade e se fazia uma interpretação literal da mesma, como se pegássemos na poesia e a transformássemos em crónicas, por exemplo, ou num texto como o Cântico dos Cânticos e o alinhássemos com livros de «bricolage», isto é, do «saber fazer» algo. Ou ainda, como se pegássemos em cartas cheias de amor e fraternidade e as transformássemos em directivas de qualquer partido político de sentido único ou no Livro do Apocalipse e o transformássemos num livro cifrado sobre o fim (cronológico, físico) do mundo.
O reconhecimento dos diferentes géneros literários permite contextualizar os textos bíblicos, o que é fundamental para a sua interpretação, apesar de, actualmente, existir uma espécie de literatura «light» que vive da banalização dos gran-des livros de referência: pense-se na Bíblia, mas também no Corão. Talvez um dos valores simbólicos da Bíblia esteja, precisamente, na sua qualidade de texto de muitos encontros. Inspirada? O que é a inspiração? Conta-se que Paul Ricoeur, um dia, perguntado acerca de o que será um texto inspirado, terá respondido: «Um texto inspirado é aquele que me inspira»! Frágil resposta. Também a existência o é.
Teresa Toldy
Teóloga
In Jornal de Letras, 04.11.2009
08.11.09
Pedro Proença
Um livro admirável
Um estudo interminável
Um deslumbramento
«Caim» - a desilusão
Saramago e a insustentável leveza da ignorância
Confronto na afabilidade
Caim
Bíblia, violência e alteridade
Evangelho de um primário
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Galileu e Saramago