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Alêtheia

Encontrar o equilíbrio entre o que se gosta de editar e o que se tem que editar para que uma editora, que é uma empresa, seja rentável é a grande dificuldade de um editor. A venda de livros subiu muito em Portugal, lê-se mais, edita-se mais, há muitos mais locais de venda de livros em todo o país, publicam-se mais de 1.000 novidades por mês, independentemente das reedições. A imensa maioria desses livros são "fast-books", em tudo iguais aos hambúrgueres  do  McDonald. No top de vendas nacional, está há mais de um ano uma autora de livros de vampiros (Stephenie Meyer) que arrastou consigo uma quantidade imensa de autores do mesmo tema, só que, no caso dela, para os livros serem de vampiros românticos,  género casam-no-fim-e-são-muito-felizes, o vampiro é vegetariano. Exatamente, o vampiro é vegetariano.

Antes dos vampiros, o "best-selle"r que esteve, quase um ano no top português, como aconteceu  nos top de todo o mundo, foi um livro sobre a felicidade, chamado "O Segredo" e que assegurava «técnicas infalíveis» de felicidade a quem o lesse. Apresentado no programa da Oprah nos EUA vendeu milhões e não me parece que tenha tido muito bons resultados na felicidade dos portugueses e sobretudo das portuguesas que o leram.

É neste panorama - que é, porém, melhor que há 25 anos, quando iniciei esta profissão em que conhecíamos praticamente toda a gente que lia os livros que editávamos e dialogávamos com uma pequeníssima elite culta - que presentemente se edita livros, que estão hoje menos tempo nas livrarias (atualmente livro que não venda de imediato é devolvido ao editor cerca de três semanas depois para libertar estantes para os novos títulos), que se tem de viver. Encontrar espaço e visibilidade entre os McDonald’s para colocar livros é o desafio de todos os dias da Alêtheia.

Perante esta realidade e para chamar a atenção para ela, a Alêtheia vai editar em breve um livro que chama a atenção para o facto de nem todos os livros serem iguais, e muito menos bons, e para guardar. Chama-se "Os 10 livros que estragaram o Mundo e os 5 que ajudaram muito". Talvez ajude.

No meio deste panorama há, porém, livros que vivem e se impõem. Os livros sobre a religião católica que em toda a Europa e nos EUA estão a subir de vendas e de interesse nos leitores, em Portugal não têm uma linha na imprensa diária e arrumam-se nas estantes do esoterismo. Mesmo assim, graças ao esforço de blogs católicos de jornais das dioceses e de muitas boas vontades, alguns escapam e conseguem ser bons sucessos, serem lidos e falados.

Na Alêtheia, procuro assim conseguir um equilíbrio entre os livros comerciais que permitam que a empresa tenha sucesso e um conjunto de livros que sirvam para aprofundar a fé, o conhecimento da história da Igreja, que entrem nos grandes debates que hoje atravessam a civilização ocidental: a relação fé e razão, a relação ciência e Deus, a arte e o divino, bem como os que são sobre os (e uso as palavras do Papa Bento XVI) «elementos que põem em causa as convicções mais difundidas na cultura dos nossos tempos».

 

Zita Seabra
Editora
In Observatório da Cultura, n.º 14 (Novembro 2010)
© SNPC | 06.11.10

Foto
Livraria Lello, Porto
Atlantide Phototravel/Corbis






























Citação

 

 

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