Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura

"Os católicos e o 25 de Abril": Mais de 30 autores recordam ação da Igreja na transição para a democracia

Imagem Capa (det.) | D.R.

"Os católicos e o 25 de Abril": Mais de 30 autores recordam ação da Igreja na transição para a democracia

O Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP), integrado na Universidade Católica, vai lançar a 9 de dezembro um número especial da revista "Povos e Culturas", dedicada ao tema "Os católicos e o 25 de Abril".

Na nota introdutória, o presidente do CEPCEP, considera que «o 25 de Abril não aconteceu por acaso; tão pouco ele se circunscreve ao golpe castrense que, naquele dia, derrubou o regime anterior».

Com efeito, sublinha Roberto Carneiro, «os militares deram corpo a uma longa história de iniciativas, de tomadas de posição, de riscos e ousadias, quase sempre na clandestinidade, por isso mesmo, ainda hoje que são decorridas quatro décadas, largamente desconhecidas do grande público».

«O número de católicos nobremente empenhados no fim da ditadura e pugnando pelos ideais da liberdade foi-se também incrementando, de forma significativa, ao longo dos anos, sobretudo depois de 1958. Porém, vem de muito mais longe a génese da oposição ao regime anterior por parte dos católicos. Convirá referir, no entanto, que "católico" não era, nem é, sinónimo de Igreja hierárquica, ela própria refém de contradições, dividida entre uma vassalagem dócil ao regime e as corajosas denúncias dos excessos salazaristas, as quais viriam a valer 10 anos de exílio ao então bispo do Porto», lembra o texto, subscrito igualmente por Atur Teodoro de Matos e Mário Lages, do CEPCEP.

Após a "Revolução dos Cravos", prossegue, «os católicos naturalmente – e bem – dispersaram-se e integraram-se nas mais variadas vertentes de uma sociedade civil, desencarcerada e pujante, muitos deles ou quase todos, movidos pelas mesmas convicções,  munidos da idêntica fé, impulsionados por semelhante generosidade. Só que, agora, num contexto manifestamente diferente. Um contexto em que já não havia lugar para a coragem, porventura “ingénua”, de oferecer resistência; bem pelo contrário, interpretado pela positiva, como oportunidade para a efectivação do sonho longamente adiado de irrestrita participação na esfera da "res publica"».

Neste volume é condensada a «aposta na liberdade e no humanismo personalista» das figuras biografadas, a sua «luta pela liberdade de povos» que estavam «fraternamente unidos numa comunidade de língua, de cultura, de religião, de história, de afetos e de sentimentos», e a «memória de tantos que, em nome da sua condição de cidadãos e da sua fé, nunca aceitaram estar de joelhos diante dos homens (parafraseando D. António Ferreira Gomes)».

O objetivo deste número, com artigos de «enorme valia e, acima de tudo, de uma inequívoca marca de originalidade», consiste em «trazer a lume acontecimentos, instituições e personagens que, ligados à Igreja Católica ou comungando dos seus ideais e doutrina social, sobressaíram ao serviço de uma transição democrática do país», refere a introdução.

O elenco de artigos e respetivos autores é o seguinte:

"Igreja e 25 de Abril (Ou do Vaticano II à democracia portuguesa, como modo de estar e agir do católico na sociedade) (Introdução) (D. Manuel Clemente);
"25 de Abril: Católicos nas contingências do pleno emprego" (Acácio Catarino);
"A dinâmica da Capela do Rato" (António Araújo);
"Das inundações de 1967 à crise de 68/69 no Técnico. A Intervenção da JUC do Técnico" (António Cavaco);
"A fiel crítica política de um católico: a coerência evangélica de Dom António Ferreira Gomes, antes e depois de abril" (D. Carlos Azevedo);
"Leigos católicos e lutas políticas dos anos 50 ao '25 de Abril' – um testemunho (Carlos Portas);
"Católicos portugueses e democracia" (Guilherme d’Oliveira Martins);
"Manuel Gonçalves Cerejeira e o Estado Novo" (Irene Flunser Pimentel);
"Fé e política ou a dimensão do cuidar e a re-significação do espaço público no pensar e agir de Maria de Lourdes Pintasilgo (MLP)" (Isabel Allegro de Magalhães);
"Os Católicos e o Estado Novo. Identidade e crise" (Jaime Nogueira Pinto);
"O pensamento católico e os fundamentos do Estado de Direito democrático" (Jorge Miranda);
"D. Eurico Dias Nogueira" (José Duarte Nogueira);
"A JUC e a formação da consciência política (1971-1974). Algumas notas" (José Leitão);
"Manuel Vieira Pinto - Um bispo de intervenção marcante" (José Luzia Gonçalves);
"O 25 de abril foi possível porque o Estado Novo perdeu o apoio do catolicismo político-social. Fas e nefas do Corporativismo na Fórmula política portuguesa (1926-1974)" (Luís Salgado de Matos);
"A Igreja e a ordem democrática" (Manuel Braga da Cruz);
"Os ensinamentos da Doutrina Social da Igreja na construção do Estado Democrático e Social" (Manuel Porto);
"Os Católicos na Transição Democrática: O Caso da Rádio Renascença e a Luta pela Liberdade de Informação" (Nelson Ribeiro);
"A Igreja, o antigo e o novo regime" (Victor Feytor Pinto).

A seguir, surgem os «depoimentos e testemunhos»:

"D. Sebastião de Resende. Bispo da Beira – Moçambique" (Adriano Moreira);
"A figura e a acção do Rev. Pe. José da Felicidade Alves" (P. Alberto Teixeira Dias);
"O Padre Alberto e a Capela do Rato" (P. António Janela);
"As Semanas de Estudo dos Açores" (Artur da Cunha Oliveira);
"Os católicos e o 25 de Abril" (Frei Bento Domingues);
"Adelino Amaro da Costa: Visionário, democrata, cristão" (Célia Pedroso);
"Guerra: onde os contra-valores se apresentam como valores" (Frei Eugénio Boléo);
"Testemunho" (Fernando Moreira de Abreu);
"Da ala liberal ao fim do regime" (Joaquim Silva Pinto);
"Memória de um rapaz" (José Ribeiro e Castro);
"Adérito Sedas Nunes" (Manuel Braga da Cruz);
"João Pedro Miller Guerra, cidadão activo, médico, católico (Manuel Luís Marinho Antunes);
"O contributo do princípio personalista do católico Francisco Sá Carneiro, e seus companheiros, para a Terceira República" (Mário Pinto);
Memórias do CASU (Rafael Prata);
"A experiência de um advogado (e não só) no 25 de Abril" (Rui Pena).

A sessão de lançamento, marcada para as 18h00 na Universidade Católica, em Lisboa (Sala de Exposições, piso 2 do Edifício da Biblioteca João Paulo II), é presidida pelo patriarca de Lisboa e magno chanceler da UCP, D. Manuel Clemente.

A obra será apresentada por Marcelo Rebelo de Sousa e José Tolentino Mendonça.

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 01.12.2014

 

 

 
Imagem Capa | D.R.
O número de católicos nobremente empenhados no fim da ditadura e pugnando pelos ideais da liberdade foi-se também incrementando, de forma significativa, ao longo dos anos, sobretudo depois de 1958
Após 0 25 de abril, «os católicos naturalmente – e bem – dispersaram-se e integraram-se nas mais variadas vertentes de uma sociedade civil, desencarcerada e pujante, muitos deles ou quase todos, movidos pelas mesmas convicções, munidos da idêntica fé, impulsionados por semelhante generosidade
Neste volume é condensada a «aposta na liberdade e no humanismo personalista» das figuras biografadas, a sua «luta pela liberdade de povos» e a «memória de tantos que, em nome da sua condição de cidadãos e da sua fé, nunca aceitaram estar de joelhos diante dos homens»
Relacionados
Destaque
Pastoral da Cultura
Vemos, ouvimos e lemos
Perspetivas
Papa Francisco
Teologia e beleza
Impressão digital
Pedras angulares
Paisagens
Umbrais
Evangelho
Vídeos