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Papa acentua importância da «inculturação» e diversidade cultural no encerramento do Sínodo sobre a Família

Imagem Papa Francisco | D.R.

Papa acentua importância da «inculturação» e diversidade cultural no encerramento do Sínodo sobre a Família

O papa vincou este sábado e domingo, no termo do Sínodo dos Bispos sobre a Família, que a Igreja católica deve ser sensível à diversidade cultural no anúncio do Evangelho e na prática pastoral.

«A inculturação não debilita os valores verdadeiros, mas demonstra a sua verdadeira força e a sua autenticidade, já que eles adaptam-se sem se alterar, antes transformam pacífica e gradualmente as várias culturas», afirmou Francisco no sábado, durante o discurso de encerramento dos trabalhos sinodais.

Tendo em conta que «as culturas são muito diferentes entre si», cada «princípio geral, se quiser ser observado e aplicado, precisa de ser inculturado», sublinhou o papa, antes de recordar o Sínodo de 1985, que se referiu à inculturação como «íntima transformação dos autênticos valores culturais mediante a integração no cristianismo e a encarnação do cristianismo nas várias culturas humanas».

Explica-se assim que, como foi observado durante este Sínodo, que «aquilo que parece normal para um bispo de um continente, pode resultar estranho, quase um escândalo – quase! –, para o bispo doutro continente», enquanto que o «que se considera violação de um direito numa sociedade, pode ser preceito óbvio e intocável noutra; aquilo que para alguns é liberdade de consciência, para outros pode ser só confusão».

Para Francisco, «os verdadeiros defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o espírito; não as ideias, mas o homem; não as fórmulas, mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão».

«Isto não significa de forma alguma diminuir a importância das fórmulas – são necessárias –, a importância das leis e dos mandamentos divinos, mas exaltar a grandeza do verdadeiro Deus, que não nos trata segundo os nossos méritos nem segundo as nossas obras, mas unicamente segundo a generosidade sem limites da sua misericórdia», defendeu.

Neste sentido, prosseguiu Francisco, «o primeiro dever da Igreja não é aplicar condenações ou anátemas, mas proclamar a misericórdia de Deus, chamar à conversão e conduzir todos os homens à salvação do Senhor».

Na homilia da missa de encerramento do Sínodo, celebrada este domingo, o papa alertou os católicos para o perigo de repetirem a atitude de alguns discípulos de Jesus que, ao ouvirem o grito de socorro de um cego, Bartimeu, sentado à beira da estrada, o mandam calar, ignorando o seu desespero, narrativa proclamada no Evangelho das Eucaristias deste domingo.

«Há algumas tentações para quem segue Jesus. O Evangelho põe em evidência pelo menos duas. Nenhum dos discípulos para, como faz Jesus. Continuam a caminhar, avançam como se nada fosse. Se Bartimeu é cego, eles são surdos: o seu problema não é problema deles. Pode ser o nosso risco: face aos contínuos problemas, o melhor é continuar para diante, sem se deixar perturbar», afirmou.

«Desta maneira, como aqueles discípulos, estamos com Jesus, mas não pensamos como Jesus. Está-se no seu grupo, mas perde-se a abertura do coração, perdem-se a admiração, a gratidão e o entusiasmo e corre-se o risco de tornar-se "consuetudinários da graça". Podemos falar dele e trabalhar para Ele, mas viver longe do seu coração, que se inclina para quem está ferido», continuou.

A «tentação» de uma «espiritualidade da miragem» consiste em «caminhar através dos desertos da humanidade não vendo aquilo que realmente existe», mas o que se gostaria de ver.

«Somos capazes de construir visões do mundo, mas não aceitamos aquilo que o Senhor nos coloca diante de olhos. Uma fé que não sabe radicar-se na vida das pessoas, permanece árida e, em vez de oásis, cria outros desertos», declarou Francisco.

Francisco interpelou a atitude de quem orienta a atividade espiritual e pastoral de acordo com normas previamente fixadas que se aplicam a todas as incidências pessoais: «Podemos caminhar com o povo de Deus, mas temos já a nossa tabela de marcha, onde tudo está previsto: sabemos aonde ir e quanto tempo gastar; todos devem respeitar os nossos ritmos e qualquer inconveniente perturba-nos».

«Corremos o risco de nos tornarmos como muitos do Evangelho que perdem a paciência», afirmou.

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 25.10.2015 | Atualizado em 20.04.2023

 

 
Imagem Papa Francisco | D.R.
«Há algumas tentações para quem segue Jesus. O Evangelho põe em evidência pelo menos duas. Nenhum dos discípulos para, como faz Jesus. Continuam a caminhar, avançam como se nada fosse. Se Bartimeu é cego, eles são surdos: o seu problema não é problema deles. Pode ser o nosso risco: face aos contínuos problemas, o melhor é continuar para diante, sem se deixar perturbar»
«Somos capazes de construir visões do mundo, mas não aceitamos aquilo que o Senhor nos coloca diante de olhos. Uma fé que não sabe radicar-se na vida das pessoas, permanece árida e, em vez de oásis, cria outros desertos»
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