Papa Francisco envia telegrama de condolências pela morte de D. José Policarpo
O papa Francisco enviou um telegrama de condolências ao patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, pela morte do cardeal D. José Policarpo, revelou esta quinta-feira a sala de imprensa do Vaticano.
«Com pesar recebi a notícia do falecimento do cardeal José da Cruz Policarpo e desejo expressar a minha união de oração com o Patriarcado de Lisboa, a família do defunto e quantos choram a sua morte inesperada.
Confio à misericórdia de Deus o amado cardeal, recordando-me da sua preciosa colaboração nos diferentes organismos da Santa Sé e dos meus encontros com este pastor apaixonado pela busca da verdade.
Ele era solícito em colocar os dons recebidos do Senhor ao serviço do Povo de Deus e dos seus irmãos bispos sobretudo nos anos que o viram presidente da conferência episcopal.
Dou graças ao Pai do Céu pelo seu ministério episcopal em que ele se prodigalizou com generosidade conduzindo pelos caminhos do Evangelho o povo que lhe fora confiado, com o mesmo zelo com que realizara os seus serviços precedentes, nomeadamente na Universidade Católica Portuguesa.
Enquanto confio à materna proteção da Virgem Maria os seus doridos bem como o senhor Patriarca, quantos o coadjuvam no seu ministério e todos os fiéis do Patriarcado, de coração lhes concedo extensiva aos participantes nas exéquias confortadora bênção apostólica.»
Por seu lado, o secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, também enviou um telegrama de condolências a D. Manuel Clemente.
«Profundamente entristecido pela morte do senhor Cardeal José da Cruz Policarpo, apresento as minhas sentidas condolências a Vossa Excelência Reverendíssima, tornando-as extensivas aos bispos auxiliares, sacerdotes, religiosos e leigos do Patriarcado de Lisboa, bem como aos bispos e aos fiéis de todas as Igrejas particulares de Portugal.
Uno-me a vós no momento em que confiais à misericórdia do nosso pai celestial este zeloso pastor que, com grande sabedoria e generosidade, serviu tanto o seu próprio povo como a Igreja universal, e rezo para que o seu exemplo de ministério fiel ao Evangelho inspire todos os cristãos a renovarem a própria dedicação à edificação do Reino de Deus, na verdade e na caridade.»
D. José Policarpo morreu em Lisboa, vítima de um aneurisma na aorta, após indisposição sofrida quando participava no retiro do episcopado, em Fátima.
Nascido a 26 de fevereiro de 1936 - tinha completado 78 anos há poucos dias - na aldeia do Pego, freguesia de Alvorninha, concelho das Caldas da Rainha, D. José Policarpo foi ordenado padre a 15 de agosto de 1961.
A 26 de maio de 1978 o papa Paulo VI nomeou-o bispo auxiliar de Lisboa, e a 5 de março de 1997 o papa João Paulo II confiou-lhe o cargo de coadjutor do patriarca.
No dia 24 de março de 1998 sucedeu a D. António Ribeiro e a 21 de fevereiro de 2001 foi criado cardeal.
A 18 de maio de 2013 o papa Francisco aceitou o seu pedido de resignação e nomeou D. Manuel Clemente como sucessor.
A 30 de novembro de 2013 o papa Francisco confirmou-o como membro da Congregação para a Educação Católica, um dos dicastérios (principais "ministérios") da Santa Sé.
Integrou também a estrutura dos Pontifícios Conselhos da Cultura e Leigos.
Autor de vasta obra no domínio da teologia e da pastoral, D. José Policarpo foi presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e magno chanceler da Universidade Católica, depois de ter dirigido a Faculdade de Teologia.
O patriarca emérito, que participava no retiro do episcopado que decorre em Fátima, continuava a proferir palestras.
D. José Policarpo acreditava que «evangelizar é intervir na cultura», pelo que «não haverá civilização cristã sem evangelização da cultura».
O corpo do cardeal chega esta quinta-feira à sé de Lisboa, pelas 15h00, permanecendo em câmara ardente.
As exéquias estão marcadas para sexta-feira, às 16h00, também na catedral, seguindo depois para o mosteiro de S. Vicente de Fora, onde se localiza o panteão dos patriarcas.
Rui Jorge Martins
© SNPC |
13.03.14
Foto: CTV
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