O papa Francisco recebeu na segunda-feira, no Vaticano, o maestro argentino Daniel Barenboim e o antigo primeiro-ministro espanhol Felipe Gonzaléz, com quem conversou sobre o conflito entre Israel e a Palestina.
A audiência de meia hora centrou-se também na orquestra West Eastern Divan, fundada pelo maestro e composta por jovens músicos de Israel e da Palestina, entre outras nacionalidades do Médio Oriente, refere o jornal argentino “La Nacion”.
«Saio muito feliz e honrado por o papa Francisco me ter recebido e escutado. Ele sabe que estou ao seu serviço para qualquer iniciativa que possa tomar perante o conflito entre a Palestina e Israel», afirmou Barenboim após o encontro.
A orquestra demonstra «que há possibilidade de conviver», assinalou Francisco, citado pelo maestro, que nunca se tinha encontrado com o papa Bergoglio.
«O que a música pode fazer neste conflito é criar um espaço para nos aproximar e nos conhecermos mutuamente», afirmou o diretor da orquestra, que além de ter sido condecorado em Inglaterra, França, Alemanha e Espanha, recebeu sete prémios “Grammy”.
No entender do maestro, «o conflito palestino-israelita não é político, mas humano, entre dois povos profundamente convencidos de ter direito a viver num mesmo território. Depois de tantas tentativas não se chegou a nada porque israelitas e palestinianos pensam que se pode solucionar o conflito sem um acordo».
Barenboim (n. 1942) falou da sua admiração pela visita que o papa realizou à Terra Santa, em maio, na qual demonstrou grande coragem ao convidar os presidentes de Israel e da Palestina para uma oração pela paz no Vaticano.
Francisco é «alguém único na história porque é um papa que está interessado e preocupado por problemas de toda a espécie, e não diretamente ligados à atividade papal, e isso é extraordinário», realçou o diretor musical do teatro La Scala, de Milão.
Rui Jorge Martins