Papa Francisco manifesta «tristeza» pela morte de Mandela, e bispos dizem que lutar pelos seus ideais é honrar o seu legado
O papa Francisco enviou esta sexta-feira um telegrama de condolências ao presidente da África do Sul, Jacob Zuma, em que diz estar triste com a morte de Nelson Mandela, ocorrida na quinta-feira.
«Foi com tristeza que soube da morte do antigo presidente Nelson Mandela», e envio condolências na oração a toda a família de Mandela, aos membros do Governo e a todo o povo da África do Sul», refere o texto, divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
Depois de invocar a «infinita misericórdia de Deus», a quem recomenda «a alma» de Mandela, o papa presta tributo ao «firme compromisso» que manifestou «na promoção da dignidade humana de todos os cidadãos da nação, e ao forjar uma nova África do Sul construída nas sólidas fundações da não-violência, reconciliação e verdade».
Francisco escreve que reza para que o exemplo de Mandela «inspire gerações de sul-africanos a colocar a justiça e o bem comum à frente das suas aspirações políticas», e recomenda a «alma» do antigo presidente sul-africano «à infinita misericórdia de Deus todo-poderoso», pedindo-lhe para «consolar e fortalecer» os que «choram a sua perda».
«Prestando tributo ao firme compromisso mostrado por Nelson Mandela na promoção da dignidade humana de todos os cidadãos da nação, e ao forjar uma nova África do Sul construída nas sólidas fundações da não-violência, reconciliação e verdade,
A Conferência Episcopal da África do Sul também evoca Nelson Mandela, com uma mensagem que se inicia por uma passagem do livro bíblico de Ben-Sira: «Louvemos os homens ilustres, nossos antepassados, segundo as suas gerações. (…) Eles governaram nos seus reinos, homens famosos pelo seu poder, conselheiros pela sua inteligência».
«[A Igreja] exprime a sua gratidão a Tata Mandela pelo sacrifício oferecido por todos os povos da África do Sul e pela sua liderança e inspiração, com as quais nos guiou pelo caminho da reconciliação», sublinha o arcebispo da Cidade do Cabo e presidente da Conferência dos Bispos Católicos da África do Sul.
Na mensagem de condolências enviada à família de Mandela, o líder histórico da luta contra a segregação racial, D. Stephen Brislin acentua que o primeiro presidente da África do Sul no regime democrático «nunca comprometeu os seus princípios e a sua visão» de um país «justo e democrático, onde todos têm oportunidades iguais, mesmo com o grande custo da sua própria liberdade».
Mandela, que morreu aos 95 anos, «apesar dos profundos sofrimentos por que passou na sua vida, nunca respondeu ao racismo com o racismo», e as palavras que pronunciou no julgamento por traição continuam a ser fonte de inspiração, sublinha o episcopado.
«Combati a dominação branca e combati a dominação negra. Acarinhei o ideal de uma sociedade livre e democrática, na qual as pessoas vivem juntas em harmonia e com oportunidades iguais», afirmou o Prémio Nobel da Paz (1993) aquando do processo judicial.
Quando foi libertado, a 11 de fevereiro de 1990, a África do Sul vivia em agitação «e o sangue caia quase todos os dias», recordam os bispos, acrescentando que quando Mandela se tornou presidente, em 1994, guiou o país pela «via da reconciliação e da paz, convidando o sul-africanos a deitar ao mar as armas de destruição».
«Por isto, estaremos sempre em dívida com ele», sublinha D. Stephen Brislin, que salienta: «A melhor forma para honrar a vida de Nelson Mandela é lutar pelos ideais que ele acarinhou: a liberdade, a igualdade e a democracia, e defender estes ideais daqueles que tentam corrompe-los».
«Rezamos para que ele descanse em paz. Que a luz perpétua brilhe sobre ele», é a oração da Igreja católica da África do Sul por Mandela.
Rui Jorge Martins
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06.12.13
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