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Papa sublinha que núncios devem ser homens de saída na cultura e diálogo

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Papa sublinha que núncios devem ser homens de saída na cultura e diálogo

O papa apelou hoje, no Vaticano, aos núncios apostólicos, representantes do pontífice nas embaixadas da Santa Sé, para serem capazes de sair de si mesmos e se comprometerem na aprendizagem da cultura dos países para onde são enviados.

«Quando chega a um novo país, o núncio deve realizar uma outra saída: sair de si mesmo para conhecer, o diálogo, para estudar a cultura, o modo de pensar», declarou na homilia da missa a que presidiu, refere a Rádio Vaticano.

Sair de si mesmo é uma atitude fundamental para espalhar o Evangelho, apontou o papa, referindo-se ao Evangelho proclamado na missa, sobre o fruto dado pela semente que o agricultor lançou à terra.

A par do trabalho, que pode parecer «demasiado funcional» e «administrativo», há também as «receções» que fazem parte do círculo diplomático, «tantas vezes aborrecidas», embora também nesses âmbitos «se semeie», frisou.

«Todos vós sabeis bem o que fizestes em muitas almas. Naquela mundanidade, mas sem tomar a mundanidade, mas tomar as pessoas como são, ouvi-las, dialogar: esta é também uma saída de si mesmo do núncio, para compreender as pessoas, dialogar. É cruz», afirmou.

Francisco mencionou «três saídas» inerentes à missão do núncio, a começar pela «física», que inclui «fazer as malas, a vida de cigano», e, depois, «aprender a cultura, aprender a língua», mesmo quando ela é totalmente desconhecida.

Para ilustrar a necessidade de esforço e de estudo, o papa apresentou um diálogo imaginário entre um colaborador da Cúria Romana e um núncio «"Diz-me, que línguas falas?"; "Eu falo bem o inglês, o francês, sei alguma coisa de espanhol..."; "Ah, bem. Mas escuta: o papa pensou em enviar-te para o Japão"; "Mas eu nem sequer conheço uma letra de japonês..."; "Mas aprenderás"».

«Fiquei edificado com um de vós que antes de apresentar as credenciais, em dois meses tinha aprendido uma língua difícil, e tinha aprendido essa língua a celebrar: recomeçou essa saída com entusiasmo, com alegria», disse Francisco.

A terceira saída, prosseguiu o papa, é «a oração, a adoração», que é «mais forte nos núncios eméritos», que devem rezar pelos «irmãos» que estão «no mundo», mas também o núncio que está em funções não as deve esquecer, para que nele Deus «faça crescer o que semeou».

«Três saídas e três modos de servir Jesus Cristo e a Igreja. E a Igreja agradece-vos por estas três saídas. Agradece muito. E também eu, pessoalmente, quero agradecer-vos. Muitas vezes admiro, quando recebo, de manhã cedo, as vossas comunicações», declarou Francisco.

Mais tarde, ao receber os núncios em audiência, o papa acentuou que «não basta apontar o dedo e agredir» quem não pensa como os católicos: «Essa é uma tática pobre das guerras políticas e culturais dos nossos dias, mas não pode ser o método da Igreja. O nosso olhar deve ser extenso e profundo. A formação das consciências é o nosso primordial dever de caridade e issso requer delicadeza e perserverança na sua atuação».

«Permanecei prontos e felizes por gastardes (às vezes também perderdes) tempo com bispos, padres, religiosos, paróquias, instituições culturais e sociais, definitivamente é isto que faz o trabalho do núncio», indicou.

Para Francisco, «a Igreja, apesar de não desvalorizar o hoje, é chamada a trabalhar a longo prazo, sem a obsessão dos resultados imediatos. Deve suportar com paciência situações difíceis e adversas ou as mudanças de planos que o dinamismo da realidade impõe», consciente de que não é chamada a «ocupar espaços de poder e de autoafirmação».

«Não tenhais medo de conversar com confiança com as pessoas e as instituições públicas», pediu o papa, para quem «subsiste no homem o espaço interior onde a voz de Deus pode ressoar»: «Dialogai com clareza e não tenhais medo de que a misericórdia possa confundir ou diminuir a beleza e a força da verdade. A verdade cumpre-se em plenitude só na misericórdia. E estai seguros de que a última palavra da história e da vida não é o conflito mas a unidade, a que aspira o coração de cada homem».

O núncio apostólico em Portugal é o arcebispo italiano D. Rino Passigato, de 72 anos. Antes de ser nomeado para Lisboa, em 2008, foi pró-núncio no Burundi e núncio apostólico na Bolívia e Peru.

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 17.09.2016 | Atualizado em 19.04.2023

 

 
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«A Igreja, apesar de não desvalorizar o hoje, é chamada a trabalhar a longo prazo, sem a obsessão dos resultados imediatos. Deve suportar com paciência situações difíceis e adversas ou as mudanças de planos que o dinamismo da realidade impõe», consciente de que não é chamada a «ocupar espaços de poder e de autoafirmação»
«Não tenhais medo de conversar com confiança com as pessoas e as instituições públicas», pediu o papa, para quem «subsiste no homem o espaço interior onde a voz de Deus pode ressoar»: «Dialogai com clareza e não tenhais medo de que a misericórdia possa confundir ou diminuir a beleza e a força da verdade. A verdade cumpre-se em plenitude só na misericórdia»
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