Vaticano

Pontifício Conselho da Cultura organiza segunda conferência internacional sobre células estaminais adultas

O Pontifício Conselho da Cultura organiza entre 11 e 13 de abril a segunda conferência internacional no Vaticano sobre células adultas estaminais, dedicada ao tema da "Medicina Regenerativa".

A iniciativa prossegue a colaboração a cinco anos entre o Pontifício Conselho para a Cultura, a empresa NeoStem e a Fundação Stem for Life, instituições que procuram construir pontes entre ciência e fé, além de sensibilizarem a opinião pública para o potencial terapêutico das células estaminais adultas.

O encontro, apoiado pela Pontifícia Academia para a Vida e pelo Pontifício Conselho para a Família, vai contar com a participação de ministros da saúde, embaixadores na Santa Sé, responsáveis de entidades reguladoras, cientistas, líderes religiosos, empresários e especialistas em ética e cultura de vários pontos do globo, revela o site do Pontifício Conselho da Cultura.

Médicos e investigadores vão apresentar as mais recentes pesquisas no campo das terapias com células estaminais que têm sido aplicadas na reabilitação de órgãos doentes, na regeneração de tecidos afetados por ataques cardíacos, na recuperação da pele em queimados, em cancros pediátricos e doenças crónicas, na rejeição de órgãos e doença de Parkinson, entre outras áreas.

As sessões, em que alguns doentes vão falar dos tratamentos que os ajudaram a combater a doença e a reduzir o sofrimento, são moderadas por conhecidos jornalistas de alguns dos principais media dos EUA, como Meredith Vieira, descendente de açorianos.

A medicina regenerativa procura encontrar novas maneiras de potenciar «a capacidade do corpo para se curar a si próprio», ao mesmo tempo que tenta «inverter o curso da doença atingindo a sua causa e reparando tecidos ou órgãos», explica o presidente da Fundação The Stem for Life.

«A nossa conferência não só educará pessoas de todas as idades, religiões e culturas sobre o potencial das células adultas estaminais para tratar doenças crónicas (...), como também criará um verdadeiro diálogo internacional sobre medicina regenerativa», explorando as relações entre ciência, fé, cultura e ética, acrescenta Robin Smith.

O padre Tomasz Trafny, diretor do Departamento Ciência e Fé, incorporada no Pontifício Conselho da Cultura, considera que os desenvolvimentos na medicina regenerativa são de «grande interesse» porque causam «profundas transformações culturais em diferentes níveis, dos cuidados de saúde à economia, das novas tecnologias às questões legais».

«Matérias que parecem ser apenas teóricas modificam a nossa compreensão do ser humano e de toda a sociedade», o que tem consequências na «antropologia, filosofia e mesmo na teologia», assinala.

A «missão» e «dever» da Igreja, sublinha, é explorar as questões que se colocam «para oferecer as melhores ferramentas para o cuidado pastoral e para a compreensão de uma cultura em mudança».

As células estaminais adultas, localizadas em vários tecidos de um organismo, podem autorrenovar-se e, com algumas limitações, diferenciar-se, de modo a produzirem todos os tipos especializados de células do tecido de onde originaram.

Alguns cientistas pensam que as células estaminais adultas podem dar origem a uma grande variedade de tipos celulares diferentes.

As células estaminais embrionárias são células indiferenciadas do embrião que têm o potencial de se transformarem em todos os tipos de célula do corpo humano.

O primeiro congresso sobre células estaminais organizado pelo Pontifício Conselho da Cultura ocorreu em novembro de 2011.

Rui Jorge Martins
© SNPC | 24.03.13