«Quando uma sociedade pensa que pode dispensar a cultura chegou a um poço fundo»
«Para que servem os poetas em tempos de indigência?» - eis a pergunta lançada por José Tolentino Mendonça que prendeu a plateia do pequeno auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, durante a conferência “Perspetivas para a cultura no Quadro Estratégico Europeu 2014-2020”, no passado dia 13 de fevereiro.
O padre, poeta, dramaturgo e vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa partiu do verso de Hölderlin e do consequente ensaio de Heidegger para ilustrar um painel moderado por Teresa Patrício Gouveia e no qual também participaram Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, e José Luís Ferreira, diretor do São Luiz Teatro Municipal (Lisboa).
«Para que servem os agentes culturais em tempos de crise?», foi outra das perguntas que lançou. Respondendo imediatamente à sua própria “provocação”: «Quando uma sociedade pensa que pode dispensar a cultura chegou a um poço fundo».
Para José Tolentino Mendonça «é próprio do ser humano necessitar de cultura, o que não depende de vacas gordas ou magras. A cultura é uma relação de nós próprios enquanto homens e mulheres livres. Pessoas que não apenas consomem, mas se consumam».
«A cultura leva-nos à reflexividade, ao encontro da palavra que não temos, à imagem que nos falta», sublinhou antes de citar Eliot: «A cultura é o que torna a vida digna de ser vivida».
O seminário encerrou com as intervenções do secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, e do secretário de Estado adjunto da Economia e do Desenvolvimento Regional, António de Almeida Henriques.
Francisca Cunha Rêgo
In Jornal de Letras
Com SNPC
22.02.13