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Cinema

Reality: um olhar inteligente, simples e profundo para o interior dos reality shows

Na mesma semana em que estreia em Portugal um dos filmes mais concorridos aos populares Óscares e Globos de Ouro, “00h30: Hora Negra”, sobre a captura de Bin Laden, estreia também “Reality”, uma produção de meios modestos mas extraordinariamente pertinente sobre a influencia dos reality shows na vida diária de muitos e muito para lá das fronteiras europeias onde o filme foi distinguido - Prémio Especial do Júri, na última edição do Festival de Cannes.

Numa cidadezinha napolitana, Luciano gere os seus dias entre a banca de peixe de que é proprietário, um negócio pouco ortodoxo de crédito e os números de comediante com que diverte familiares e amigos em festas. É precisamente numa dessas festas que conhece uma estrela do "Big Brother" e fica extasiado com o seu aparente estilo de vida. Entusiasmado e instigado pelos seus, concorre ao reality show. Num instante, a simplicidade do seu quotidiano, agora diminuído, é catapultado para um mundo ilusório onde todas as fantasias parecem possíveis. Os dias passam e o que num minuto pareceu tão fantasticamente próximo revela-se cada vez mais drasticamente distante. Luciano recusa-se, porém, a aceitá-lo...

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O fenómeno dos reality shows comporta um mecanismo complexo de recriação virtual que, mesmo nas suas formas plurais de expressão, mais que atrair o espetador ao ato de "espiar" a vida alheia e fazer do protagonista dessa vida um mero objeto de exibicionismo, procura legitimar e credibilizar essas produções pela aparente naturalidade e ausência de controle exógeno das situações que vão sendo vividas – caso do "Big Brother".

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A colocação dos sujeitos da encenação a representarem-se a si mesmos numa relação identitária perversa, presumivelmente libertadora e confusa, sem a existência evidente de um guião e com a ilusória ausência de imposição, limite ou repressão sobre o que vivem, torna muito maior a colagem identitária do espetador ao que vê representado.

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Com incrível sensibilidade, o realizador Matteo Garrone, conhecido entre nós pela excelente abordagem ao mundo da Mafia em "Gomorra", explora os meandros desta nova forma de cultura virtual e as suas relações com os mecanismos identitários, individuais e sociais pré-estabelecidos.

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Uma abordagem inteligente, simples e profunda que com grande acuidade fílmica revela uma boa parte da complexidade do que está em jogo nesta relação de culturas, entre o real/virtual, bem como o impacto particular em indivíduos/comunidades mais reprimidas, por constrição financeira mas não só. Não ignorando os recursos, ainda fortemente enraizados, que as mesmas comunidades possuem para superar por um lado as dificuldades quotidianas e, por outro, o risco de alienação. De entre esses, os de dimensão afetiva e espiritual.

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Um filme sem heróis que dá tanto ou mais que pensar sobre o mundo cativo e liberto que somos como aquele que Bin Laden, ou a sua captura, questionam...

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Margarida Ataíde
Grupo de Cinema do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura
In Agência Ecclesia / Com SNPC
17.01.13

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