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Investigação

Revista "Lusitania Sacra" analisa formação do clero e capacitação para desempenhar funções na sociedade

A mais recente edição da revista “Lusitania Sacra”, editada semestralmente pelo Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) da Universidade Católica Portuguesa, é dedicada ao tema “Formação de lideranças e modernidade”.

O volume publica artigos cujos temas foram propostos numa jornada de estudo, realizada em fevereiro de 2012, centrada na formação do clero contemporâneo, «não só em termos da natureza dos estudos, mas também da tipologia possível da formação de lideranças, isto é, a capacitação para o desempenho de funções na sociedade», lê-se na apresentação da revista, enviada ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

«A educação assumiu-se progressivamente como um terreno de disputa ideológica e de concorrência institucional, envolvendo as funções do Estado e as de outras instâncias no controlo dos espaços de aprendizagem e de transmissão de valores», aponta o diretor do CEHR na nota de abertura.

António Matos Ferreira alerta ainda para o facto de que «certas leituras historiográficas tendem a opor modernidade, caracterizada como processo de alteração de modos de sacralidade, ao campo do religioso».

«Esta perceção é redutora e, em última análise, inoperante, para se compreender como o religioso é atravessado por uma multiplicidade de vetores e tensões, onde a tradição e o moderno são facetas de recomposição mental e societária e, consequentemente, do próprio religioso, nomeadamente nas suas vertentes institucionais», acrescenta.

Entre os artigos incluídos neste tomo, referente ao segundo semestre de 2012, incluem-se “Lideranças e modernidade: os espaços confessionais como instâncias de formação”, “A formação dos pregadores de missões internas na época contemporânea” e “A Questão Religiosa em José Luciano de Castro: a lógica do Estado liberal nas relações com a Igreja”.

 

Apresentação (excertos)
António Matos Ferreira

(...) Na historiografia tem-se valorizado a problemática das elites, da sua constituição e da sua promoção. A questão das lideranças é, porém, distinta daquela, pois pretende perceber como se processa a indução ao desempenho de funções não só em termos de execução, mas também de capacidade de mobilização. Esta diferenciação é importante, porque implica aspetos de gestão e a capacidade para dirigir e, não poucas vezes, gerar realidades novas enquanto dinâmicas sociais de integração e de protagonismo, associadas à construção das relações de poder e, consequentemente, dos tipos de mando na sociedade.

O conjunto de artigos que formam o dossiê pretende apresentar, com particular incidência no catolicismo contemporâneo, algumas das principais questões que se colocam neste domínio (...). O religioso não é só uma referência educativa mas constitui uma mediação fundamental nos processos de aprendizagem e de formação, desenvolvendo e potenciando modalidades de chefia e de governo, construindo e transmitindo imaginários e instrumentos de relação dos indivíduos com a realidade, validando patamares de crença ou de descrença, de relação com outros e a individualidade de cada um.

As lideranças religiosas apresentam aspetos particulares, antes de mais porque se especializam para transmitir e manter uma vivência de religiosidade e de formas de vida marcantes do comportamento de outros, mas também para gerir instituições de enquadramento e de elaboração de sentido, isto é, lideranças educativas e de natureza simbólica. Mais do que um trabalho comparativo, as distintas colaborações deste dossiê apresentam aspetos que importa considerar, como sejam as características das instituições, os grupos sociais que as frequentam, o tipo de ensino e de atitudes pedagógicas que desenvolvem. Estes níveis de análise e de compreensão ajudam a captar níveis de homogeneidade ou de diferenciação, de inclusão ou de exclusão social. Neste âmbito, e ainda no respeitante ao catolicismo, tem particular relevo o papel dos Seminários que, destinados à formação do clero, acabaram por desempenhar funções de desenvolvimento mais amplas nas e para as sociedades, como ocorreu nos séculos XIX e XX em Portugal.

Se houve rivalidades entre lideranças de distintas proveniências na sociedade portuguesa contemporânea, durante a Monarquia Constitucional esta problemática não esteve ausente do debate político, para mais que o papel do clero era considerado como crucial nos equilíbrios sociais e políticos da sociedade, como expõe o artigo de Manuel M. Cardoso Leal sobre «A questão religiosa em José Luciano de Castro: a lógica do Estado liberal nas relações com a Igreja».

Por fim, a formação e a religião são dimensões estruturantes da modernidade que, atravessada pela conflituosidade, busca um refazer de universos galvanizadores da vida em conjunto na sociedade, quer como programas políticos, de reformismo social ou de restauração da «harmonia social», quer como desígnio espiritual, tocando o institucional mas também convivendo em tensão com este como refere o texto de Leandro Pereira Gonçalves sobre «Plínio Salgado e o integralismo: relação franco-lusoitaliano» que, mais do que tratar uma questão de influências, nos induz à compreensão de uma determinada geografia do catolicismo dos anos 30 e 40 do século XX.

 

© SNPC | 26.08.13

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