«Por ter sob os olhos a imensa irradiação cultural da Igreja de Cristo, basta imaginar que por um instante em Londres ou em Nápoles, em Estocolmo ou em Colónia ou em Paris desaparecessem com um só golpe das igrejas, dos museus e das bibliotecas todos os monumentos e documentos artísticos, literários, arquitetónicos e musicais que, de alguma forma, dependem dos estímulos que aquela lhes deu. Teríamos uma nudez impressionante, um vazio espiritual que nunca seria suficientemente preenchido.»
Durante o verão viaja-se muitas vezes para cidades históricas repletas de monumentos e obras de arte. Seria verdadeiramente sugestivo tentar repetir a experiência sugerida por Wolfgang Beinert, teólogo da universidade alemã de Ratisbona, no seu livro “O cristianismo”.
Se assim sucedesse, as cidades transformar-se-iam quase num deserto de beleza, reduzir-se-iam a uma amálgama de construções e amontoados de cimento. O cristianismo imprimiu a alma às nossas nações, à sua cultura, à própria sociedade e à vida. Espoliá-las dos sinais cristãos significa, no fim de tudo, destruir-lhes o coração.
Não queremos retomar a disputa, na verdade pouco entusiasmante, sobre as raízes cristãs da civilização europeia, um dado objetivo dificilmente contestável, mas sobretudo lamentar o desinteresse por essas raízes.
Perder os valores genuínos cristãos não significa apenas toldar a nossa própria identidade e realidade, mas desvanecer a beleza, a profundidade, a riqueza interior. Não é possível conservar a própria humanidade sem se ser alimentado de espiritualidade, harmonia, luz.
E é precisamente isso que é oferecido pela arte, pela literatura, pela música que desenhou – como dizia o pintor Marc Chagall – esse «alfabeto colorido pela esperança» que é a Bíblia.
