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Leitura: "Um caminho simples e belo"

Leitura: "Um caminho simples e belo"

Imagem Capa | D.R.

«Uma ajuda que o Autor quer oferecer às pessoas que desejam simplesmente aprofundar a sua vida cristã, aquele «caminho simples e belo» a que o título da obra se refere, traçado pelas dez Palavras de vida ou Mandamentos», é a finalidade a que se propõe o jesuíta Ottavio De Bertolis, S.J., em livro recentemente publicado pela Editorial A.O.

A primeira parte é dedicada a Cristo, contemplado no «símbolo extraordinariamente eloquente que é o seu Coração». A oração, apresentada brevemente em algumas das suas formas mais importantes, constitui o núcleo do segundo capítulo. Na secção conclusiva o volume detém-se sobre as «dez Palavras de vida ou Mandamentos».

«Quando pensamos nas dez palavras, ou seja, nos mandamentos, pensamos neles normalmente como um código de deveres. Assim, se pensarmos na explicação dos mandamentos, lembramo-nos logo daqueles folhetos que ainda se veem às vezes, com os mandamentos de um lado, por ordem, e depois, ao lado ou por baixo, os comportamentos que nos estão proibidos», aponta o autor.

Assim apresentado, «Deus não passa de um legislador» que «transmite leis aos homens, às quais é preciso obedecer sob pena de prisão, ou seja, de um castigo». Trata-se de uma perspetiva que é preciso «absolutamente de abandonar», porque «as dez palavras são uma escola de sabedoria e não um código de leis».

 

Não estilhaçar uma obra-prima de harmonia
Ottavio De Bertolis, S.J.
In "Um caminho simples e belo", Editorial A.O.

Chegámos assim ao sexto mandamento, diante do qual, todos, desde a adolescência, sentimos algum medo. E é pena sentirmos medo, porque este mandamento – como de resto todos os outros – não quer ser um «espantalho» ou impor pesos que não podemos suportar, mas, antes, abrir o nosso entendimento e o nosso coração a dimensões importantes da nossa vida, a afetividade e a sexualidade, pulsões interiores profundíssimas em cada um de nós. Portanto, o sentido do mandamento não é: «atenção ao que fazes, porque aqui há sempre pecado mortal», mas, pelo contrário, «aprende a viver verdadeiramente como homem», ou seja, não como um anjo assexuado, o que não somos, mas também não como um animal, o que também não somos, mas em que nos podemos tornar.

Devemos, portanto, refletir sobre o mundo interior dos nossos afetos e o significado da nossa sexualidade, como vivê-la e como aprender a habitá-la, num caminho a que cada um de nós é chamado, casado ou não, jovem ou velho; por outras palavras, aprender a viver, não como «castrados» (pois o mandamento não pretende reprimir a nossa afetividade, mas libertá-la de muitos possíveis condicionamentos), mas também não como seus subjugados escravos, pois a afetividade, precisamente por ser uma pulsão tão íntima em cada um, pode ser vivida de modo não livre, mas imaturo e alienante.

Por outro lado, é claro que este conjunto de pulsões e desejos é extremamente forte e vital: não somos blocos de pedra que se possam fixar e esculpir de uma vez por todas; somos mais como a cera, que deve ser continuamente modelada e remodelada.

A Igreja foi acusada de viver obcecada com o sexo e, de facto, devemos recordar que alguns moralistas, até há muito pouco tempo, ensinavam que neste assunto não havia «parvidade de matéria», ou seja, que cada falta devia ser encarada inevitavelmente como um pecado mortal, e bastantes pessoas tiveram experiência de confissões desagradáveis por parte de confessores pouco iluminados e muito imprudentes.

Hoje, pelo contrário, a mentalidade dominante, talvez como reação, é absolutamente oposta: nada é pecado neste assunto, pelo menos, como se costuma dizer, entre adultos conscientes. No fundo, a cultura corrente, ou melhor, a difusa subcultura acha que o sexo é mais ou menos como um tipo de brincadeira, e particularmente agradável.

Por outro lado, é interessante observar que a psicologia – mas também se poderia dizer o sentido comum das coisas –, nos ensina que, de facto, não é assim: a sexualidade não se reduz à genitalidade e não diz respeito apenas ao funcionamento de alguns órgãos, mas envolve todo o ser humano: não só o corpo, mas também a psique, a interioridade. O mandamento ajuda-nos, portanto, a refletir com sabedoria, precisamente para nos ensinar a viver bem esta dimensão tão importante e delicada da nossa vida, sabendo bem que, exatamente pela sua delicadeza, cada um tem um percurso de crescimento neste sentido e que, provavelmente, jamais o sentirá como concluído.



 

Edição: SNPC
Publicado em 23.05.2017

 

Título: Um caminho simples e belo
Autor: Ottavio De Bertolis, s.j.
Editora: Editorial A.O.
Páginas: 208
Preço: 10,00 €
ISBN: 978-972-39-0834-3

 

 
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