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Um Natal simples

Católicos, cristãos, agnósticos - e atrever-me-ia a dizer ateus - todos somos filhos da cultura judaico-cristã, sobretudo do legado que Cristo veio ao mundo dar testemunho: o amor entre os seres humanos.

Todos sabemos que entre as palavras ditas e a prática ao longo de séculos existiram grandes contradições. O ódio sobrepôs-se ao amor na Inquisição; a riqueza à frugalidade em muitas organizações das igrejas; a ganância à fraternidade em inúmeras ações que deveriam ser de caridade; a hipocrisia à verdade libertadora que Cristo ensinou.

Mas, ainda que conheçamos todas as imperfeições dos homens e das suas construções, não podemos, do meu ponto de vista, esquecer duas coisas muito importantes. A primeira, é que Cristo, que agora se celebra, não pregou apenas a resignação do "dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". É certo que nos ensinou a viver com a sorte que temos e o modo de o fazermos o melhor possível, sem ressentimentos nem ódios; mas naquilo que de nós depende, também lembrou que os vendilhões podem e devem ser expulsos do Templo, justamente porque há uma vida além da vida quotidiana, além dos orçamentos, das economias, das contas e dos lucros. Há uma luz, um dom espiritual que cada pessoa pode cultivar, sem medo, porque essa luz, esse espírito, que é o amor fraterno da dádiva, continua a ser a mais revolucionária das mensagens, como aliás o Papa Francisco tem parecido indiciar.

Se Moisés recebeu os 10 Mandamentos no monte Sinai que impunham aos homens um conjunto de regras de sociedade que hoje ainda se aplicam, no essencial, em qualquer civilização - não matarás, não roubarás, não cobiçarás o que é de os outros - Cristo acrescentou o mais belo, comovente, fraterno e difícil dos mandamentos: "Amai-vos uns aos outros". Sem restrições, sem querer saber das convicções de cada um, das etnias de cada um, das preferências pessoais de cada um.

É esta uma das mensagens centrais do Natal. Não me interessa tanto saber das partes históricas - Existiu Jesus? Era divino? A sua mãe era virgem? Fez milagres? - mas do significado da história. Todos os seres humanos - e hoje a ciência confirma-o - são uma grande família. Como em todas as famílias, há preferidos, melhores e piores, mas não há ninguém que não mereça a nossa compaixão, o nosso apoio quando dele necessita, a nossa fraternidade, a nossa mão.

Não me podendo, em consciência, considerar católico, fazendo parte, como já referi diversas vezes, da Maçonaria Universal, sou profundamente crente nesta mensagem que nos obriga, a cada momento, a pormo-nos no lugar do outro e olharmos para nós mesmos interrogando-nos sobre o bem que fizemos aos outros, o mal que lhes pudemos evitar, o que deles compreendemos, o que de nós próprios compreendemos.

E assim, aqui têm os votos de um Feliz Natal. Para todos sem a mínima exceção

 

Henrique Monteiro
In Expresso
25.12.13

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