Uma bela Páscoa da Ressurreição
Atrevo-me a propor-lhe uma breve interrupção nos seus afazeres.
Venho desejar-lhe uma bela Páscoa!
A Páscoa é a grande festa dos cristãos, por causa da Ressurreição de Jesus.
Dizer que Jesus ressuscitou é dizer que Ele está vivo e que a morte já não tem a última palavra sobre a nossa vida. Como o Papa Francisco nos disse na Via-Sacra do Coliseu, «o mal não terá a última palavra», mas sim «o amor, a misericórdia, o perdão».
É aqui que radica a nossa esperança.
Ora a esperança tem muitos nomes, recordava-nos Ernesto Balducci (cf. Il Vangelo della pace, vol.1, Borla, Roma 1986, 121): cada um dos que agora leem estas linhas será capaz de dar à esperança um nome diferente. E «a Ressurreição abraça todas as nossas esperanças», libertando-as do que de egoísta elas possam ter. É que cada esperança, além de um seu lado particular, tem também uma vertente virada para a Totalidade, em que todos hão de ver realizadas as suas esperanças e enxugadas todas as lágrimas, porque Deus será tudo em todos (cf. ibidem).
Se calhar, nem havíamos de falar tanto de Ressurreição (que sabemos ao certo do que dizemos?!); mas sabemos que todas as vezes que falamos de paz, de um mundo mais justo e mais fraterno, de uma terra de irmãos, sem violência e sem fome, falamos de Ressurreição (cf. ibidem, 122). «Ter fé significa mover-se segundo esta onda, no sentido da realização destas esperanças» (ibidem, 121).
O escândalo da fome – expressão utilizada também por Bento XVI, na mensagem para o Dia Mundial da Alimentação de 2005 – é, claramente, uma contradição objetiva do dinamismo da Ressurreição. A Cáritas está empenhada, em todo o mundo, na campanha internacional Uma só família humana, alimento para todos (sobre este tema, veja artigos de Márcia Carvalho no nº. 4 da Revista Cáritas, maio 2014, 42-44). Até 2015. Três anos para tomarmos consciência de que, se existe no mundo comida suficiente para todos, e se «uma pessoa em cada oito não come o necessário por dia», como nos recordava o Cardeal Oscar Rodrigues Maradiaga, presidente da Caritas Internationalis, alguma coisa é preciso mudar. Muita coisa. Urgentemente! «A verdade – continua ele – é que a produção, comercialização e distribuição de alimentos não tem em conta as necessidades dos mais pobres. Esta é uma injustiça que nós podemos e devemos contribuir para mudar».
O Papa Francisco, no lançamento oficial desta campanha a 10 de dezembro de 2013, Dia Mundial dos Direitos Humanos, divulgou uma mensagem em vídeo, na qual convidava «as instituições do mundo inteiro, toda a Igreja e cada um de nós, como uma só família humana, [a] dar voz a todas as pessoas que sofrem silenciosamente a fome. Para que estas vozes se tornem num “rugido” gigante que possa fazer o mundo tremer».
Aceitemos este convite do Papa.
Proclamemos a Ressurreição!
P. J.M. Pereira de Almeida
Coordenador Nacional da Pastoral da Saúde, assistente eclesiástico da Cáritas Portuguesa
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20.04.14