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Padre António Vieira

Centro Cultural de Belém associa-se ao Ano Vieirino

O Centro Cultural de Belém (CCB) vai participar nas comemorações do Ano Vieirino, que celebram o quarto centenário do nascimento do Padre António Vieira (6 de Fevereiro de 1608).

No dia da inauguração das comemorações, o CCB dedica a sua programação ao autor dos Sermões, com leituras por cinco escritores portugueses, a projecção de "Palavra e Utopia", e um concerto. Para toda a família, a partir dos 3 anos, foi criada uma oficina de escrita, leitura, canto e construção.

 

Leituras

14h30:
Rodrigo Guedes de Carvalho - "Cafetaria Quadrante"

15h15 :
António Mega Ferreira - "Sandwich Bar"

16h00:
Gonçalo M. Tavares - Foyer Sophia de Mello Breyner

16h45:
José Tolentino Mendonça - Foyer Grande Auditório

17h30:
Armando Baptista-Bastos - Escadaria da Recepção

 

Filme

Para a mesma data, isto é, 6 de Fevereiro, às 18h30, está agendada a projecção do filme "Palavra e Utopia", de Manoel de Oliveira, com entrada livre.

Em 1663, o Padre António Vieira é convocado para comparecer diante do Tribunal do Santo Ofício, a terrível Inquisição. Intrigas da corte e adversidades minaram a sua posição de célebre pregador jesuíta e íntimo amigo do falecido rei D. João IV.

Diante dos juízes, o padre António Vieira revê o seu passado: a juventude no Brasil, os anos do noviciado na Baía, o seu papel na defesa da causa dos índios e os seus primeiros êxitos no púlpito. A Inquisição proíbe-o de falar. Mais tarde, no reinado de D. Pedro II, o pregador é mandado a Roma, onde a sua reputação e o seu sucesso são de tal maneira grandes que o papa o iliba do jugo da Inquisição. A rainha Cristina da Suécia, que, tendo abdicado do trono, vive em Roma, acolhe-o na corte e fá-lo seu confessor. No entanto, a nostalgia do seu país é forte e Vieira regressa a Portugal. Mas a frieza com que é acolhido pelo novo rei D. Pedro fá-lo partir de novo para o Brasil, onde  passa os últimos anos da sua vida.

 

Espectáculo

A terminar o dia, um espectáculo de 1h30 sobre a vida e a obra de Vieira em diálogo com a música do seu tempo (praticamente todo o século XVII), com os "Divino Sospiro" e "Coro Officium".

Quatrocentos apocalípticos anos depois do nascimento do Padre António Vieira, os versos de Pessoa, seu discípulo sebastiânico, tornaram-se um lugar profeticamente comum: este «imperador da língua portuguesa, / foi-nos um céu também». Nada como um espelho de água para reflectir a abóbada celeste, daí esta missa barroca com intrusões profanas onde as vozes do Vieira místico e diplomata, como as do político e do visionário, se entrelaçam nas melodias de Arcangelo Corelli, Duarte Lobo, Alessandro Stradella, Luigi Rossi ou Jean-Féry Rebel além do seu dilecto amigo e Rei, Dom João IV. Cada parte litúrgica, acrescentada por temas populares e de câmara, terá correspondência aos momentos sombrios ou luminosos de uma vida que marcou pela palavra e pelo gesto os ritmos do mundo. Na corte ou na selva, o homem febril que fala uma língua de fogo e sonha uma harmonia capaz de vencer o caos de Babel é o mesmo que experimenta o sofrimento do escravo, do índio e do cristão-novo. Oiçamos as estrelas, a música, a palavra. “Aprendamos do céu o estilo da disposição, e também o das palavras. Como hão-de ser as palavras? Como as estrelas. As estrelas são muito distintas e muito claras.” (João Paulo Cotrim).

Participação de Ana Quintans (solista) e António Simão (actor).

Programa:

Arcangelo Corelli
Sonata nº 1 em Ré maior para dois violinos e baixo, Opus 2

Lamento de Vieira sobre o silêncio e a solidão
Duarte Lobo
Missa Veni Domine  - Kirie

Argumentação de Vieira face ao Inquisidor
Gregoriano
Gloria
 
                                                                 
A mística e mundo em Vieira
Duarte Lobo
Missa Veni Domine - Credo

Interpelação de Vieira a Deus e ao Rei em defesa dos escravos, dos cristãos-novos e dos índios
Anon
Saquí turo gente pleta / Bastião

Paisagens brasileiras segundo Vieira
Alessandro Stradella
Sinfonia nº 20 em Lá menor para dois violinos e baixo

Paisagens europeias segundo Vieira
Luigi Rossi
Ferito un Cavalierio – Lamentação da rainha da Suécia

Elogio da amizade e do bom uso das línguas estrangeiras
Dom Joao IV
Christus factus est para 8 vozes

A escrita febril e profética
Duarte Lobo
Missa de Requiem a 6 vozes – Communio, Agnus Dei      

Morte de Vieira sob um céu estrelado
Jean-Féry Rebel
Le Chaos 
A. Corelli
Concerto grossi Opus 6 nº 1

 

Oficina de escrita, leitura, canto e construção

No dia em que se comemoram 400 anos sobre o nascimento do Padre António Vieira, foi preparado um programa inteiramente aquático, inspirado no Sermão de Santo António aos Peixes.

Durante uma tarde, haverá a possibilidade de escrever mini-sermões para peixes, que partem dos ideais de Padre António Vieira, e que pairam nos ares ao sabor do canto. Depois, chegará o momento do teste à capacidade oratória de todos: perante um cardume de peixes verdadeiros, procuraremos ver qual o poder encantatório das palavras. Haverá ainda a possibilidade de testar a força eléctrica das palavras com peixes construídos por cada um, que nadam na palma da mão, ou de pescar com textos magnéticos peixes de aquário. Finalmente, e porque se trata de celebrar um dos maiores Vieiras de sempre, iremos construir vieiras sem parar e nelas inscrever as palavras que correm nas suas veias.

O evento acontece às 11h00, 12h30, 14h00, 15h30 e 17h00.


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© SNPC - Publicado em 22.01.2008

 

 

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