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Música

O regresso do órgão histórico do Mosteiro de Arouca

No passado dia 16 de Maio, o organista Nicolas Roger, titular dos órgãos de tubos do Santuário de Fátima, proporcionava o concerto que assinalou restauro do órgão de tubos do Mosteiro de Arouca.

Trata-se de um instrumento datado de 1743, construído por Manuel Benito Gómez, organeiro de Valladolid. Contam-se-lhe 1352 tubos, regulados por 24 registos, sendo considerado pelos especialistas um dos instrumentos mais importantes da escola de organaria ibérica em todo o mundo. O próprio Nicolas Roger afirma que em toda a Europa não haverá muitos instrumentos com esta dimensão e qualidade sonora.

Tendo sido já objecto de obras de restauro há cerca de duas décadas, que o deixaram com graves deficiências, foi possível agora realizar uma intervenção adequada e eficaz, pela mão de Gerhard Grenzing, organeiro de origem alemã sedeado em Barcelona e especializado na recuperação de órgãos do tipo ibérico. O seu trabalho recuperou a textura e a sonoridade original deste órgão, uma vez que restauros anteriores lhe haviam adulterado a identidade sonora.

Este órgão é notável não apenas pela sua sonoridade como pela sua textura organística, implantação no espaço e decoração. Situado entre o coro das freiras e a igreja do mosteiro, permite ao mesmo tempo tornar-se um instrumento de concerto e um instrumento para a liturgia. Está implantado numa estrutura de talha prolicromada que associa a beleza pictórica à qualidade sonora.

No dizer de Grenzing, sendo o seu autor um dos construtores mais representativos da organaria espanhola, soube adaptar as características da sua construção às peculiaridades do país de acolhimento, seja na estrutura exterior seja na sonoridade. Apesar das naturais transformações, mantém o essencial da sua tubaria original, de elevada qualidade. A sua desmontagem possibilitou a valorização da estrutura tubular e a adaptação às necessidades e características actuais destes órgãos, sobretudo pela substituição da produção de ar por foles por uma apropriada estrutura eléctrica.

Com o restauro deste órgão recupera-se mais uma das chaves que nos permitem fazer uma ideia da enorme riqueza artística de Portugal e do alto nível musical existente nas suas igrejas e conventos, segundo afirma o autor do restauro. O instrumento permite reviver o passado nas características do presente.

A sua recuperação foi possível graças à iniciativa da Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda, ao apoio do então Instituto do Património Arquitectónico e Artístico e da Câmara Municipal de Arouca, graças a um protocolo assinado em 2004, tendo custado todo o processo cerca de 400 mil euros. O concurso foi ganho por Gerhard Grenzing, que realizou o restauro ao longo dos últimos anos, tendo sido supervisor do projecto o organista Nicolas Roger.

Arnaldo Pinho, na qualidade de Juiz da Irmandade de Santa Mafalda, que gere o tesouro artístico do mosteiro, regozijou-se com o êxito desta operação de valorização o património. O presidente da Câmara de Arouca, Artur Neves, considerou este dia como de festa, anunciando a realização ulterior de um projecto de valorização dos espaços envolventes do mosteiro e das suas próprias estruturas, colocando-as ao serviço da comunidade.

Entre os presentes esteve o Cónego Ferreira dos Santos, que apoiou a ideia da realização de um ciclo anual de concertos de órgão, inserido num roteiro internacional.

 

C.F.
In Voz Portucalense
22.05.09

Órgão do Mosteiro de Arouca
Órgão do Mosteiro de Arouca













































Foto
Cadeiral do Mosteiro de Arouca

 

 

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