A narrativa do Evangelho proclamado nas missas de hoje, em que Jesus chora por Jerusalém, (cf. artigos relacionados), esteve na base da homilia que o papa Francisco proferiu esta quinta-feira, na Eucaristia a que presidiu, no Vaticano.
A cidade de Jerusalém recusou a novidade de Cristo «porque estava tranquila com aquilo que tinha, não queria problemas», «não reconheceu o tempo que foi visitada», «tinha medo» da sua visita, tinha medo da sua «gratuidade», vincou o papa, citado pela Rádio Vaticano.
Para Francisco, o principal temor do ser humano é confiar em Deus e deixar que a sua Palavra determine as grandes e pequenas escolhas: «Nós estamos seguros nas coisas que podemos gerir, mas a visita do Senhor, as suas surpresas, não as podemos gerir».
«Quando o Senhor visita o seu povo, traz-nos a alegria, traz-nos a conversão. E todos nós temos medo, não da alegria, mas sim da alegria que traz o Senhor, porque não podemos controlá-la. Temos medo da conversão, porque converter-se significa deixar que o Senhor nos conduza», sublinhou.
À medida que o ano litúrgico chega ao fim e se aproxima o Advento, tempo em que é evocada a vigilância e a penitência em face da prometida última vinda de Cristo à Terra, as leituras bíblicas das missas alertam para a necessidade da inquietação, de se estar alerta, de escapar ao fechamento comodista.
«Jerusalém estava tranquila, contente; o templo funcionava. Os sacerdotes faziam os sacrifícios, as pessoas iam em peregrinação, os doutores da lei tinham sistematizado tudo, tudo. Tudo claro. Todos os mandamentos claros. E com tudo isto Jerusalém tinha a porta fechada», comentou o papa.
O que aconteceu na “Cidade Santa” pode suceder na Igreja: «Eu pergunto-me: hoje, nós, cristãos, que conhecemos a fé, o catecismo, que vamos à missa todos os domingos, nós, pastores, estamos contentes connosco próprios? Porque temos tudo sistematizado e não temos necessidade de novas visitas do Senhor».
«E o Senhor continua a bater à porta, de cada um de nós e da sua Igreja, dos pastores da Igreja, [e se] a porta do nosso coração, da Igreja, dos pastores não se abre, o Senhor chora, também hoje», disse Francisco.
A concluir, o papa sugeriu um exame de consciência: «Pensemos em nós: como estamos neste momento diante de Deus?».
Sergio Centofanti / Rádio Vaticano