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A Esperança é o lugar de encontro de todas as crenças

«Uma das coisas que mais me impressiona, e não falo só de Portugal, é um clima geral de incapacidade de imaginar que as coisas podem ser diferentes e melhores», afirmou esta quarta-feira na Capela do Rato, em Lisboa, o colunista Daniel Oliveira.

O antigo dirigente do Bloco de Esquerda foi um dos convidados da sessão sobre a virtude da Esperança, que contou também com as intervenções de Cândida Pinto, jornalista, Joana Pontes, realizadora, e Henrique Joaquim, presidente da Comunidade Vida e Paz.

O encontro começou com a exibição do documentário “Alexandra – Viver com HIV” (2012), de Cândida Pinto e João Nuno Assunção, com imagem de Jorge Pelicano – disponível na íntegra no final deste artigo.

Depois de notar que foi «a primeira vez» que teve a «oportunidade de falar numa capela», Daniel Oliveira lamentou «a preguiça absoluta de pensar que as coisas podem ser melhores», incapacidade, «que não tem a ver com o pessimismo mas com o cinismo».

Para Daniel Oliveira, «o sofrimento não desespera as pessoas; o que as desespera é a falta de esperança, é a incapacidade de imaginar que podiam não estar a sofrer».

Após criticar «o elogio da solidão», dado que «a esperança não faz nenhum sentido se não for vivida na relação com os outros», o articulista disse que não sente a esperança de forma «radicalmente diferente» de quem crê em Deus.

Foto Cândida Pinto, Joana Pontes, Henrique Joaquim

Todos os seres humanos, independentemente da crença ou descrença em Deus, têm a necessidade de «dar sentido» à existência; sem essa bússola, «a esperança é um absurdo», apontou, secundado por Henrique Joaquim: «Toda a gente é crente; a diferença é em que se acredita».

A esperança, «motor pelo qual as pessoas lutam», é também «central no debate político», referiu Daniel Oliveira, que expressou a sua condição de «ateu», a par da fé no ser humano: «Creio na humanidade».

Henrique Joaquim referiu-se à protagonista do documentário, Alexandra, de 19 anos, que sofreu a «ostracização e a indiferença»: a «esperança pode ser vivida no sofrimento», bem como «na incerteza e no incompreensível», mas também «no sonho».

«A Alexandra tem uma coisa fundamental que alimenta a dignidade: é o amor, palavra de que temos pavor mas que todos procuramos», afirmou o professor da Universidade Católica.

Foto

O investigador alertou para a «falsa esperança de que o bem nunca acaba»: «o bem precisa de ser alimentado; exige esforço, comprometimento, empatia».

Cândida Pinto agradeceu «a honra» de mostrar o documentário, que tem despertado «a generosidade de várias pessoas face às dificuldades financeiras da Alexandra».

Seguindo uma «regra básica da vida pessoal e profissional», que é a de «as pessoas merecerem a maior dignidade», o filme de 30 minutos procurou que os espectadores não tivessem «pena» de quem tem a doença.

«Apesar das dificuldades por que passaram, a família tem uma riqueza enorme, que é a união e o amor», disse Cândida Pinto, que mencionou o «preconceito» dos habitantes da pequena aldeia.

«A esperança que a Alexandra transmite vem do ninho onde ela foi criada», salientou a jornalista, que acrescentou: «Viver isto todos os dias é muito pesado. Mas apesar de tudo conseguem transmitir alegria de viver»

Foto

Para Joana Pontes, «uma das frases mais importantes» do documentário, que contribuiu para «afastar a ignorância e o medo», é: «Apesar de tudo somos felizes».

«A esperança unifica a crença, seja em Deus seja no homem», e é um «laço fundamental contra a indiferença», unindo «os vários tipos de crentes», apontou.

O responsável pela Capela do Rato, padre Tolentino Mendonça, frisou que «não há ateus para a esperança», virtude «insustentável e paradoxal» que muitas vezes se cultiva no «sofrimento».

«Há lugares de aprendizagem da esperança, que nunca são espaços confortáveis», mas «marginais» e «dilacerados», disse o diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

«A esperança pode ser um laço humano fundamental, para além de tudo o que nos divide, e ser lugar de encontro das nossas humanidades», concluiu.

 

 

 

Rui Jorge Martins (texto e fotografia)
© SNPC | 07.11.13

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FotoDaniel Oliveira

 

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