Lembro-me da primeira vez que me apaixonei seriamente. O turbilhão de sentimentos faziam-me não perceber o que sentia. Porque é que o coração batia mais forte quando se via apenas um vislumbre, porque é que não parava de sorrir e porque é que as palavras me faltavam…
O atabalhoamento ganhou contornos maiores quando percebi que esse estado era recíproco. Haver, do outro lado, sentimentos iguais ou parecidos, superava toda e qualquer expectativa! Que alegria imensa! O mundo precisava de saber disso. Todo o mundo, amigos, família, desconhecidos…
A timidez que resultava do desconhecimento de sentimentos dava agora lugar a um estado eufórico de partilha com tudo e todos, sem medo, porque o mais importante estava confirmado: o sentimento era recíproco!
Com as devidas salvaguardas, penso que foi isto que aconteceu aos apóstolos no dia de Pentecostes. O que não compreendiam na totalidade e os levava ao medo de partilhar com os outros, deu lugar à confirmação total de um Amor pleno. Só o Cristo ressuscitado foi capaz de lhes mostrar o que ainda não tinham conseguido alcançar: o grande tesouro é para partilhar! E como é que se partilha um tesouro? Só pode ser de forma eufórica e contagiante! Compreender que a fé em Cristo é o tesouro mais valioso não é imediato, mas quando o verdadeiro encontro se dá com o Cristo vivo, não há como guardar a notícia só para nós.
No último retiro de diários gráficos, em Turim, desenhámos o Santuário da Consolata com este pressuposto do Pentecostes, essa euforia do Espírito Santo. Cada um tinha de escolher um material de desenho com a cor mais viva e alegre. Quando se iniciasse o desenho, passado algum tempo, havia que partilhar com os outros esse material eleito, recebendo um novo para continuar. O resultado final foi eufórico, pois está claro, contaminou-nos a desenhar o resto do dia dessa forma e saímos do Santuário com uma nova vida no caderno e um novo modo de representar e partilhar o mundo, quais apóstolos cheios do Espírito Santo e sem medo do resultado das suas ações!
Mário Linhares | D.R.
Mário Linhares | D.R.
Mário Linhares