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As Dominicanas do hospital de Sant’Ana

Há 115 anos que um grande edifício amarelo voltado para o mar, a tocar a Estrada Marginal, na Parede, costa do Estoril, acolhe o hospital ortopédico de Sant’Ana, e nele marcam presença, quase desde o início, por vontade da fundadora, as Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena. Foram dezenas, hoje são sete, e é a elas que o jornal Público de 21 de julho dedicou um artigo de duas páginas. «A sua presença é discreta, mas não irrelevante», escreve João Pedro Pincha.

A Ir. Celina Laranjeiro, interlocutora do jornalista, é a mais nova das religiosas. Tem 78 anos, 46 dos quais passados no hospital. «Vim para cá quando acabei o curso de Enfermagem Geral. Antes tinham-me mandado para África, para ser professora de Religião e Moral. Tinha 24 anos, era uma professorinha», conta.

«Depois disseram-me: “Ah, precisamos de irmãs na Parede”». Foi orientadora de noviças no Colégio de S. José, em Lisboa, e aos 30 anos foi aprender a ser enfermeira: «No colégio aprendi a dar injeções a almofadas e laranjas, pensei que era o mesmo dar injeções a humanos», recorda, com uma gargalhada.

As primeiras religiosas foram as Irmãs de S. Vicente de Paulo, mas a implantação da República, a 5 de outubro de 1910, afastou-as. A fundadora, Claudina Chamiço, fez saber a Afonso Costa «que ou permitia haver religiosas, ou preferia pôr duas trancas no sanatório», finalidade original da instituição, que visava combater a mortal tuberculose.

O ministro cedeu, tendo então entrado as Dominicanas, que ocuparam cargos de administração, mesmo depois de o hospital ter passado para a gestão, que se mantém, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em cumprimento do testamento de Claudina Chamiço.

A Ir. Elvira é a responsável pela Obra Social de Sant’Ana, que apoia seis pessoas. Os quartos das freiras, como os destinados a pessoas que precisam de tratamento na especialidade da ortopedia – que substituiu o tratamento da tuberculose a partir de 1961 – são austeros.

As religiosas, explica o artigo, «integram o conselho diretivo do hospital e a comissão de qualidade e humanização hospitalar», além de distribuírem «afeto pelas enfermarias e salas de espera das consultas».

«Mesmo os que se dizem não crentes, sentem-se aconchegados e acolhidos numa casa como esta. Quando se apercebem que há religiosas no hospital, acolhem muito bem a nossa visita! Muitas vezes, as palavras que lhes damos, ou a escuta que prestamos, servem de fortalecimento num momento de muita ansiedade e incerteza», afirmou a Ir. Celina em entrevista ao jornal diocesano Voz da Verdade.

A estátua de Sant’Ana, abençoada em 2011, por ocasião do centenário da presença das Dominicanas, «evoca e perpetua a vocação maternal de tantas mulheres e também irmãs que ao longo de 100 anos serviram, cuidaram e ensinaram », declarou na ocasião a superiora-geral.

As Dominicanas de Santa Catarina de Sena foram fundadas por Teresa de Saldanha (1837 - 1916), em Portugal. Além do hospital de Sant’Ana, as religiosas estão em 18 comunidades no continente e Madeira, com casas de assistência (entre as quais no convento dos Cardaes, em Lisboa), creches e jardins-de-infância, externatos e colégios.


 

Rui Jorge Martins
Fontes: Público, Voz da Verdade
Imagem: D.R.
Publicado em 26.07.2019 | Atualizado em 07.10.2023

 

 
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