Itália
Átrio dos Gentios vai à Sicília para travar influência da Máfia e promover diálogo entre culturas
A cidade italiana de Palermo vai receber a 29 e 30 de março a próxima sessão do Átrio dos Gentios, tendo como pano de fundo a influência da Máfia e a pluralidade de culturas.
A iniciativa do Conselho Pontifício da Cultura, que em novembro chega a Guimarães, vai ser dedicada ao tema “Cultura da legalidade e sociedade multirreligiosa”, refere o site do Átrio dos Gentios.
«O diálogo entre as religiões e o diálogo inter-religioso e intercultural constituem um recurso crucial» para ampliar «a cultura da legalidade e para contribuir para reforçar o tecido democrático e espiritual» da ilha, refere o documento de lançamento do encontro.
Palermo
«Trata-se de um empenho tanto mais urgente e nobre se se pensa que a Máfia, também graças à crise económica mundial, se tornou a primeira empresa italiana em faturação» tendo-se transformado num «inquietante» ator global com «fortes ramificações na Europa, América e Ásia».
O documento recorda que Palermo, principal cidade da Sicília, é a «a capital da Máfia» mas é também «a cidade-símbolo da luta contra a Máfia», já que nela foi assinada, em dezembro de 2000, a Convenção das Nações Unidas contra a criminalidade organizada internacional.
«Em Palermo e na Sicília o Átrio dos Gentios coloca no centro dois valores fundamentais: a Justiça, na união entre moralidade e legalidade, e a Tradição multirreligiosa e multicultural que distinguiu a ilha mediterrânica, tornando-a “casa” da cultura», assinala o texto.
Catedral de Monreal
Para o presidente do Conselho Pontifício da Cultura, «o encontro entre crentes e não crentes ocorre quando se deixam para trás apologéticas ferozes e dessacralizações devastadoras», ao mesmo tempo que se recusa a «superficialidade» e a «indiferença» para se revelarem «as razões profundas da esperança dos crentes e da expectativa do agnóstico».
O cardeal italiano Gianfranco Ravasi pede aos participantes para serem coerentes «com a sua visão do ser e da existência, sem deformações sincretistas ou aproximações propagandísticas» e para manifestarem «respeito» pelas perspetivas dos seus interlocutores.
O documento sublinha que a Sicília é chamada «a desenvolver a sua natural vocação ao diálogo entre as religiões e civilizações, diante do vasto movimento de ressurgimento dos povos árabes da margem sul e oriental do “Mare nostrum”», designação dada pelo Império Romano ao Mediterrâneo.
Catedral de Palermo
O programa do encontro começa às 20h00 locais na catedral de Monreale, perto de Palermo, com a conferência “Sociedade, cultura e fé”, por Gianfranco Ravasi.
O dia seguinte começa com a sessão “O direito dos fracos e o direito dos poderosos”, composta pelos painéis “Direito divino e justiça humana” e “Religiões e direitos humanos”.
Após o almoço realiza-se o debate intitulado “As condições para o diálogo inter-religioso”, com os painéis “Pluralismo e universalismo” e “Religiões e espaço público”.
O último momento do encontro decorre junto à catedral de Palermo: «Do debate académico e universitário o debate muda-se e penetra o coração da cidade e da diocese, desenrolando-se no adro da catedral», aberto a toda a população .
Depois de sublinhar que o Átrio dos Gentios «é cultura viva», o documento termina com a afirmação de que a iniciativa promove a «denúncia dos males antigos» da cidade e da ilha, ao mesmo tempo que é «demonstração vivida do bem que nelas cresce silenciosamente, alimentado dia após dia pelos sacrifícios de tantos, crentes e não crentes, irmanados numa esperança comum».
Rui Jorge Martins
© SNPC |
21.03.12






