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Fotojornalismo: Olhos abertos ao mundo no festival “Visa pour l’Image”

O mais importante reconhecimento do “Visa pour l’Image”, o festival de fotojornalismo que decorre em Perpignan, no sul de França, foi este ano para Véronique de Viguerie, a primeira mulher em 20 anos a ser premiada com o Visa d’Or Paris Match.

Nascida em Carcassone há 40 anos - «foto-repórter de guerra, mãe de duas crianças, loura mas não estúpida», como escreve no seu perfil no Twitter – foi premiada pela sua reportagem sobre a guerra esquecida em curso no Iémen.

«Tenho um pensamento especial para os 30 milhões de iemenitas que vivem no inferno todos os dias», declarou a jornalista, que conseguiu entrar no país após um ano de trabalho para obter as autorizações necessárias.

Outros “infernos” são documentados pelo festival que decorre até domingo, composto por 25 mostras fotográficas no centro da cidade. Fotógrafos notáveis mostram a situação do planeta nos últimos 12 meses, com particular atenção a problemas muitas vezes esquecidos que afligem a humanidade: guerras, perseguições, migrações, envenenamento e destruição do planeta.

Mas o “Visa pour l’Image” não compreende apenas exposições fotográficas com impressões de altíssima qualidade, mas também projeções noturnas de imagens extraordinárias em ecrã gigante, mesas redondas e debates entre os melhores fotógrafos do mundo, e encontros para estabelecer contactos profissionais entre quantos aspiram a participar no universo do fotojornalismo.

Na perspetiva da encíclica “Laudato si’”, assinalamos a mostra “Contaminations”, de Samuel Bollendorff, que dá a volta ao mundo para mostrar as regiões inquinadas pela mão do ser humano e pela indústria química, do minério e nuclear.

Aconselhamos também a mostra de Andrea Bruce, “A place to go: Sanitation and open defecation”, esta última praticada por 950 milhões de pessoas e principal problema sanitário do envenenamento das águas e do subsolo.

Propomos ainda a mostra de Miquel Dewever-Plana, sobre o inquinamento e as condições de trabalho dos mineiros das minas de prata de Potosí, na Bolívia, e a de Gaël Turine sobre os rios poluídos de Dacca, no Bangladesh, por causa da explosão demográfica.

Tocou-nos muito igualmente a reportagem “Big food”, de George Steinmetz, que mostra as fábricas e as indústrias alimentares e a agricultura em grande escala para fazer frente às exigências da crescente população do planeta.

Entre muitos temas, o festival dedica também atenção ao fenómeno dos apátridas, abandonados ou rejeitados, com as mostras de Paula Bronstein e Kevin Frayer sobre os muçulmanos perseguidos na Birmânia, os rohingya e o seu êxodo ou fuga desesperada e em massa no Bangladesh.

Na edição deste ano têm mais uma vez lugar de destaque as mulheres fotojornalistas, sendo expostos os melhores instantâneos dos World Press Photo Awards.

Mas para lá das muitas desgraças, há também imagens que restituem a confiança no ser humano: durante o concurso os patrocinadores do festival entregam galardões de prestígio, como o prémio Canon para a mulher foto-repórter do ano, que nesta edição vai para Catalina Martin-Chico pela sua reportagem de esperança sobre as novas mães na Colômbia, após 50 anos de guerra com as FARC.

O “Visa pour l’Image” é um encontro anual com o melhor do jornalismo fotográfico a não perder, mesmo que o público tenha de se submeter a frequentes e cansativos controlos de segurança.


 

Guillemo Simón-Castellví
In L'Osservatore Romano, 10-11.9.2018
Trad.: Rui Jorge Martins
Publicado em 24.04.2023 | Atualizado em 10.10.2023

 

 

 
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