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Há quase 900 anos Portugal «nasceu para ser igual e livre». Só o será quando for fraterno

A 24 de junho de 1128, próximo de Guimarães, D. Afonso Henriques venceu a batalha de S. Mamede e abriu caminho à independência. Hoje, todos são chamados a alistar-se para a «batalha da fraternidade», que se trava num único lugar, mas «em todas as casas, nas escolas, nas fábricas, nas empresas, no mundo da justiça e da saúde, nos programas da política». Aliás, «não há lugar onde ela não deve ser combatida».

«Não sabemos quantos morreram no campo de S. Mamede. Sei que salvaremos muitas vidas quando nos alistarmos nas fileiras de um exército que, de um modo consciente e responsável, luta e trabalha por um mundo mais fraterno que se empenha numa ecologia integral para salvar a humanidade e a natureza. Portugal, neste dia primeiro da sua existência, nasceu para ser igual e livre. Só o será quando todos formos irmãos e amarmos a terra maravilhosa que Deus criou para embelezar a família humana.»

Foi com estas palavras que o arcebispo de Braga evocou nesta quinta-feira, na “cidade-berço”, a batalha de S. Mamede, no «primeiro dia de Portugal», durante a homilia da missa a que presidiu, inspirada pela encíclica “Fratelli tutti”, do papa Francisco, «sobre a fraternidade e a amizade social», na qual lançou apelos tanto aos políticos como aos católicos.

«A liberdade está em todas as constituições e sistemas jurídicos. É proclamada e exigida. Estará a ser um direito de todos? Sabemos que não. A igualdade também entra nas aspirações de todos e todos os governos asseguram que ela será garantida. Creio, porém que, como nunca, existem desigualdades, verdadeiras exclusões sociais, marginalizações dentro dos cidadãos do mesmo país ou no encerrar fronteiras para que alguns possam saborear a vida», denunciou D. Jorge Ortiga.



«À oração acrescentamos o compromisso pessoal de um trabalho pessoal nesta causa. Queremos uma sociedade diferente na vertente social. Poderemos ter muitas referências. Uma aposta séria na fraternidade, realizada por cada um e, particularmente, pelos políticos, mostrará que é possível um mundo diferente, melhor»



Referindo-se à trilogia da Revolução Francesa da qual nasceu «a sociedade dita moderna», o prelado acentuou que «não há liberdade e igualdade sem fraternidade»: «Só quando assumimos, teórica e praticamente, que somos todos, sem excluir ninguém, por critérios de qualquer espécie, irmãos, a sociedade será verdadeiramente livre e igual».

Por detrás das «diferenças culturais, religiosas, políticas» subsiste «um irmão ou uma irmã», e é nesta convicção que se funda «a fraternidade humana», a que se junta a «ambiental»: «Cuidar da natureza é descobrir nela um irmão e amar com solicitude e nunca com interesses meramente económicos ou de gostos pessoais». 

«Cada um à sua maneira» está convocado, não para servir o país e o mundo «com armas de guerra, de morte, de críticas, juízos, perseguições», mas de «tolerância, aceitação do diferente, capacidade de saber perder, alegria do dar ou dar-se, sentido de entreajuda», declarou o arcebispo-primaz.

À imagem da batalha de S. Mamede e da independência de Portugal que tiveram em D. Afonso Henriques um herói, também «a batalha da fraternidade» exige «referências»: «Urge o testemunho de alguns que não tenham medo. Necessitamos de Gandhi, Mandela, Madre Teresa, João Paulo II. Tantos e tantas que poderia elencar. Precisamos de pessoas que sejam sinais, que se tornem profetas corajosos. Isto nas comunidades paroquiais, nas autarquias, nas empresas, nas associações. Poderão parecer heróis anónimos. É por eles que as revoluções acontecem».

Depois de lembrar S. João Batista, evocado liturgicamente pela Igreja a 24 de junho, D. Jorge Ortiga rezou «para que a causa da fraternidade seja assimilada como projeto e causa de muitas concretizações a tornar o país um campo onde todos são verdadeiramente irmãos e, como consequência, livre e iguais».

«À oração acrescentamos o compromisso pessoal de um trabalho pessoal nesta causa. Queremos uma sociedade diferente na vertente social. Poderemos ter muitas referências. Uma aposta séria na fraternidade, realizada por cada um e, particularmente, pelos políticos, mostrará que é possível um mundo diferente, melhor», apontou.


 

Rui Jorge Martins
Fonte: Arquidiocese de Braga
Publicado em 25.06.2021 | Atualizado em 24.04.2023

 

 
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