O papa Francisco criticou hoje no Vaticano as pessoas que reduzem o entendimento da religião à letra da lei, ignorando que a «plenitude» da lei reside no «amor» e na «proximidade» de Deus.
Na missa a que presidiu no Vaticano, o papa baseou a homilia no Evangelho proclamado nas missas desta sexta-feira, em Jesus pergunta aos fariseus se é ou não lícito curar ao sábado; perante o seu silêncio, escolhe sarar um doente, não obstante a legislação religiosa que proibia esse gesto, refere a Rádio Vaticano.
Jesus critica os fariseus, que «estavam tão apegados à lei, que tinham esquecido a justiça», referiu Francisco, acrescentando: «Este caminho de viver apegados à lei distanciava-os do amor e da justiça. Atendiam à lei, transcuravam a justiça. Atendiam à lei, transcuravam o amor».
«Jesus, para esta gente, só encontra uma palavra: hipócritas», porque por um lado procuram atrair pessoas para o judaísmo, mas depois «fecham a porta», apontou.
Os fariseus, prosseguiu o papa, são homens «muito apegados à lei, à letra da lei, não à lei, que a lei é amor; mas à letra da lei, que fechavam sempre as portas da esperança, do amor, da salvação. Homens que só sabiam fechar».
«Esta estrada do amor à justiça conduz a Deus. Ao contrário, o outro caminho, de se ser apegado apenas à lei, à letra da lei, conduz ao fechamento, conduz ao egoísmo», realçou.
Por seu lado, «o caminho que vai do amor ao conhecimento e ao discernimento, ao pleno cumprimento, conduz à santidade, à salvação, ao encontro com Jesus», frisou Francisco.
Deus está perto da vida de cada ser humano: «Jesus aproxima-se: a proximidade é precisamente a prova que nós andamos pelo verdadeiro caminho. Porque é precisamente o caminho que escolheu Deus para nos salvar: a proximidade. Aproximou-se de nós, fez-se homem».
«A carne de Jesus é a ponte que nos aproxima de Deus – não é a letra da lei, não. Na carne de Cristo, a lei tem o pleno cumprimento», apontou.
A concluir, o papa expressou um voto: «Que este exemplo de proximidade de Jesus, do amor à plenitude da lei, nos ajude a nunca deslizar para a hipocrisia: nunca. É tão feio um cristão hipócrita. Tão feio. Que o Senhor nos salve disto».
Sergio Centofanti / Rádio Vaticano