A experiência de concelebrar a missa com o papa Francisco, na capela casa de Santa Marta, no Vaticano, onde normalmente preside às celebrações matutinas, é o tema da crónica semanal que o P. Fernando Calado Rodrigues assina no “Jornal de Notícias”.
«Pontualmente, às sete da manhã, o Papa entrou na capela, sozinho. Sem acólitos, dirigiu-se à presidência e ele próprio mudou as páginas do missal. O despojamento era tal que nos constrangia», escreve o sacerdote.
Durante a celebração «fez a homilia de improviso», como é habitual, embora tenha sido «um improviso que estava devidamente preparado».
Após a missa, Francisco «recolheu-se alguns minutos em oração», e a seguir, «num ambiente de quase informalidade, cumprimentou, um a um, todos os participantes na celebração», descreve o sacerdote da diocese de Bragança-Miranda.
«Ficou encantado e muito divertido com um postal em banda desenhada que lhe entregámos, com os dez conselhos do Papa Francisco para cuidar do meio ambiente, retirados da sua encíclica "Laudato si’”, acrescenta.
«Há quem possa ficar incomodado com este despojamento do Papa e a sua proximidade com os "comuns mortais". Pode argumentar-se que é importante para o papel que o Papa desempenha na Igreja e no Mundo revestir-se de alguma solenidade e, mesmo, de certa suntuosidade. Não é esse, contudo, o registo deste Papa», aponta.
O P. Fernando Calado Rodrigues observa que «muitos tentam imitá-lo, desde sacerdotes a bispos, mas, quando a simplicidade e o despojamento não são intrínsecos, acabam por soar a falso». E conclui: «A eficácia comunicativa dos gestos do Papa advém de serem autênticos».
