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Poesia de Frei Agostinho da Cruz, Sebastião da Gama e Daniel Faria no colóquio "Arrábida, Candidatura a Património da Humanidade"

«Alta Serra deserta, donde vejo/ As águas do Oceano duma banda,/ E doutra já salgadas as do Tejo»: a poesia de Frei Agostinho da Cruz (1540-1619) constitui um dos núcleos do colóquio "Arrábida, Candidatura a Património da Humanidade", que decorre nos meses de fevereiro e março em Setúbal.

A iniciativa que o Centro de Estudos Bocageanos organiza na Casa da Cultura, às 16h00, começa a 22 de fevereiro com a mesa intitulada "Frei Agostinho da Cruz e os seus herdeiros".

O encontro conta com as intervenções de Vanda Anastácio (“Frei Agostinho da Cruz, entre a Arrábida e o Céu”) e António Cândido Franco (“Teixeira de Pascoaes e Sebastião da Gama: de Marános à Serra-Mãe")

Ruy Ventura (“Do sopé ao cume da montanha: Sebastião da Gama e Frei Agostinho da Cruz”) e Filipa Barata (“O humano e o divino na poesia de Daniel Faria”) concluem as intervenções desta sessão.

A 1 de março, no mesmo local e à mesma hora, os conferencistas António Carlos Carvalho (“A Montanha”) e Lina Soares (“Arrábida: entre Religião e Poesia”) integram o encontro dedicado ao tema "Poetas da Arrábida".

O programa prevê também as intervenções de João Reis Ribeiro (“Sebastião da Gama, o Poeta da Arrábida”) e Pedro Martins (“Jaime Cortesão e a Arrábida”).

«O mais difícil não é ir à Arrábida (...). Difícil, difícil, é entendê-la: porque boas praias, boas sombras e boas vistas há-as em toda a parte para os bons banhistas, os bons amigos de bem comer, os bons turistas; o que não há em toda a parte é a religiosidade que dá à Serra da Arrábida elevação e sentido. (...) Mas é fora de dúvida que o visitante, se o não apreendeu, saiu da Arrábida sem sequer ter entrado nela verdadeiramente!

Vá sozinho, suba ao Convento, que é onde o espírito da Serra converge e como que ganha forma, leve, se quiser, os versos de Agostinho (...) e experimente como afinal é fácil estar a sós com Deus», escreveu Sebastião da Gama.

Frei Agostinho da Cruz (cujo nome secular era Agostinho Pimenta, irmão mais novo do poeta Diogo Bernardes), nasceu em Ponte da Barca, Alto Minho, e morreu em Setúbal. 

Antes de tomar o hábito dos Franciscanos Capuchos, em Sintra, no Convento de Santa Cruz, de onde tirou o nome, no ano de 1560, serviu o infante D. Duarte, neto do rei D. Manuel I.

Em 1605 obteve licença para viver no Convento da Arrábida, situado na serra homónima, cuja paisagem inspirou a sua poesia, pautada pela natureza, penitência e afastamento do mundo.

Os 25 hectares do Convento da Arrábida, construído no século XVI, abrangem o Convento Velho, situado na parte mais elevada da serra, o Convento Novo, localizado a meia encosta, o Jardim e o Santuário do Bom Jesus. 

No alto da serra, as quatro capelas, o conjunto de guaritas de veneração dos mistérios da Paixão e algumas celas escavadas nas rochas formam aquilo a que convencionou chamar-se o Convento Velho.

O convento foi fundado em 1542 por Frei Martinho de Santa Maria, franciscano castelhano a quem D. João de Lencastre (1501-1571), primeiro duque de Aveiro, cedeu as terras da encosta da serra.

Anterior à construção, existia onde é hoje o Convento Velho, a Ermida da Memória, local de grandes romarias, junto da qual, durante dois anos, viveram, em celas escavadas nas rochas, os primeiros quatro frades arrábidos: Martinho de Santa Maria, Diogo de Lisboa, Francisco Pedraita e São Pedro de Alcântara.

Com a extinção das ordens religiosas em 1834, o convento, as celas e as capelas dispersas pela serra sofreram várias pilhagens e estragos significativos, causados pelo abandono.

Em 1990, o proprietário vendeu o convento e a área envolvente à Fundação Oriente, atual detentora do espaço.

 

Rui Jorge Martins
Com Fundação Oriente
© SNPC | 11.01.14

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COnvento da Arrábida
Convento da Arrábida

 

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