D. Manuel Clemente
Portugal em 2030 vai precisar de mais sabedoria, estética e ética
O bispo do Porto considera que dentro de duas décadas Portugal vai precisar de aproveitar melhor a sabedoria dos mais velhos, abrir-se ao estrangeiro e educar os mais novos na estética e na ética.
Na intervenção que proferiu esta sexta-feira no encontro “Presente no futuro: os portugueses em 2030”, que decorreu até sábado em Lisboa, D. Manuel Clemente sublinhou que o domínio do conhecimento científico não anula a importância da experiência.
O «conhecimento tem hoje um sentido sobremaneira técnico e de utilidade imediata, em ligação constante com as últimas aquisições nos vários campos aproveitáveis e com rendimento à vista»-
Mas este conhecimento, próprio de pessoas mais novas, «não corresponde, nem na gramática nem no conteúdo, ao que a sabedoria significa».
«Sabedoria é saber de experiência feito, ou experiência decantada, assimilada e transformada em vida. Requer um tempo que não é logo dinheiro, assim como induz um conjunto de qualidades e virtudes que não estão hoje em alta: prudência, ponderação, memória histórica, considerações humanistas em geral», observou.
O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa frisou que é preciso requerer «contributo dos mais velhos para a vida corrente da sociedade nas suas várias agregações, das famílias às autarquias, das escolas às empresas, à vida pública em geral».
«Não seria demais, por exemplo, constituir a vários níveis uma espécie de “senado”, em que os mais velhos e experientes se pronunciassem preventivamente sobre medidas e projetos dos responsáveis ativos, mesmo que só a título consultivo», sugeriu.
D. Manuel Clemente recordou que a 12 de maio de 2010, no Centro Cultural de Belém, local onde se realizou o encontro “Presente no futuro”, um centenário e um octogenário ilustraram «luminosamente» o tema de sabedoria: Manoel de Oliveira e Bento XVI.
O historiador advogou também uma «nova pedagogia cultural e social, que não descure, na formação contínua de crianças, jovens e adultos, tudo quanto lhes dê capacidade de fruição estética e determinação ética, em humanização progressiva».
«Teremos aqui de integrar os melhores contributos do Ocidente e do Oriente, hoje mais facilmente disponíveis, embora frequentemente esquecidos», dado que «tanto Portugal como outros países europeus, não sobreviverão sem incluir populações jovens doutros continentes», afirmou.
Rui Jorge Martins
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15.09.12
D. Manuel Clemente