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Prémio Árvore da Vida sintonizado com o IndieLisboa na renovação do cinema português

Quando, desde o início, pensámos em fazer um festival, a ideia do IndieLisboa era chamar a atenção para cinematografias mais desconhecidas, e a nossa, portuguesa, é desconhecida do próprio público português. Lamentamos que cada filme tenha tão poucos espetadores quando sai para a sala.

Quando os mostramos, no IndieLisboa, é sempre num contexto festivo, e são sempre grandes momentos. Depois, parece que os filmes, a certa altura, quando vão para a sala, perdem aquela aura que têm aqui.

O nosso papel é continuar a reforçar a importância dos filmes portugueses no contexto do Festival, mostrar que estão ao mesmo nível dos outros filmes, tanto que este ano, pela primeira vez, uma longa-metragem portuguesa ganha a Competição Internacional [“Mato seco em chamas”]. Já tinha ocorrido uma vez [2019] com uma curta-metragem – “Past perfect”, de Jorge Jácome – e aconteceu de novo este ano, com “Mistida”, de Falcão Nhaga, que vai estrear em Cannes.

Por isso, toda a atenção que possamos dar à Competição Nacional – e o Prémio Árvore da Vida olha desde o seu início para os filmes portugueses – é fundamental para olharmos para dentro do que fazemos, e para encontrarmos as várias gerações que estão em diálogo.



«O mais importante é que os cineastas portugueses dificilmente cristalizam. O cinema português está sempre a renovar-se»



O cinema português não se esgota. Tem ainda muitos caminhos possíveis, e à medida que o tempo passa continuamos a descobrir novos nomes, novos talentos, caminhos completamente diversos. Este ano, a Competição Nacional foi bem prova disso.

O mais importante é o filme, embora falemos muitas vezes de “Cinema de Autor” e da importância dos autores. Mas, na realidade, quem entra em diálogo connosco, quando entramos numa sala de cinema, através do próprio autor, é, na prática, o filme; é a nossa porta de entrada.

Quando, na Competição Nacional de longas-metragens, temos filmes em diálogo uns com os outros, e os autores por trás enquanto mentores, sentimos que há uma espécie de comunhão que acontece de gerações e de diálogos. Um autor que trabalha já há algum tempo vê um filme de um colega seu mais novo e, de repente, aquilo dá-lhe vontade de fazer outra coisa, um novo caminho, uma nova descoberta.

Para mim, o mais importante é que os cineastas portugueses dificilmente cristalizam. Quando pensamos no [Manoel de] Oliveira e na sua juventude com mais de 100 anos, ou quando pensamos no João César Monteiro, que no final da vida faz um filme como o “Vai e vem” ou, um pouco antes, o “Branca de Neve”, vemos que o cinema português está sempre a renovar-se.

Em 2023 o IndieLisboa faz 20 anos. Já nos perguntámos o que vai acontecer, depois de este ano termos tido a maior competição nacional. Será que vai haver filmes que nos vão entusiasmar tanto para o ano? Haverá tantos filmes como este ano ou serão menos? Seja o que for, aconteça o que acontecer, estaremos lá para defender os filmes em que acreditamos.









 

Miguel Valverde
Cofundador e coorganizador do IndieLisboa
Texto a partir de entrevista de Rui Jorge Martins
Imagem: D.R.
Publicado em 09.05.2022

 

 

 
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