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Que Maëlys nos mobilize para que o bem triunfe», afirmou bispo no funeral de menina lusodescendente

O bispo da diocese francesa de Grenoble, D. Guy de Kerimel, presidiu este sábado ao funeral da luso-descendente Maëlys de Araújo, tendo afirmado que «toda a França foi transtornada pelo seu desaparecimento, pelos seus sofrimentos».

A menina de nove anos desapareceu de 26 para 27 de agosto de 2017, durante a celebração de um casamento em Pont-de-Beauvoisin. Em fevereiro um antigo militar, Nordahl Lelandais, já em prisão preventiva, confessou ter matado Maëlys «acidentalmente».

Centenas de pessoas assistiram à cerimónia fúnebre, que foi transmitida por um ecrã para o adro da igreja, cujo interior não acolhe mais de 400 lugares.

«Convosco - estamos feridos pela violência presente da nossa sociedade, pelo mal que se abate sobre os inocentes, pelas injustiças de todo o género, que precisamos de denunciar incessantemente», disse.



«Ao preceder-nos no Reino de Deus, Maëlys abre-nos a um porvir último, a horizontes desconhecidos; ela obriga-nos a enfrentar a difícil questão da morte e do além»



A homilia transmitiu também um sinal de alento: «Maëlys deixou este mundo e a esperança de a voltar a ver aqui na Terra dissipou-se, no entanto a esperança que dá a fé permanece».

«A fé cristã faz-nos acreditar que Maëlys está com Jesus; Jesus secou as suas lágrimas, consolou o seu coração, abençoou-a, fez com que reencontrasse o sorriso. Depois da sua terrível provação, Deus ergueu-a; Ele inclinou-se sobre a sua humilhação, sobre o seu martírio», declarou.

D. Guy de Kerimel deteve-se também sobre as portas que se podem abrir, ainda em vida, sobre o fim da vida: «Ao preceder-nos no Reino de Deus, Maëlys abre-nos a um porvir último, a horizontes desconhecidos; ela obriga-nos a enfrentar a difícil questão da morte e do além; nós preferimos muitas vezes não nos confrontar com esta realidade que nos faz medo».

«Todavia há, em nós, uma busca de sentido, uma sede absoluto, uma sede de Deus que incita o ser humano a procurar para além dos limites do nosso mundo o objeto das suas aspirações», acentuou.



«O compromisso começa no nosso coração; ele começa pela recusa de reduzir o outro, seja quem for, a um meio de alcançar os meus fins. Os desejos do coração humano, mesmo que legítimos, não podem exercer sobre mim, e ainda menos sobre os outros, uma forma de tirania»



Dirigindo-se particularmente aos familiares e amigos da criança, o prelado prosseguiu: «Diz-se que neste mundo tudo passa; não é exatamente verdade. O amor autêntico nunca terminará; a morte não pode extinguir o amor. As relações de amor que Maëlys teceu com a sua família, os seus próximos, não terminarão».

«Pelo contrário, elas reforçar-se-ão em Deus, que é plenitude de amor. Maëlys ama-vos ainda mais. Ela fará tudo para que a paz habite os vossos corações e que o sorriso volte a aparecer sobre as vossas lágrimas», assinalou.

Para o prelado, a morte da menina pode ser semente de uma atitude nova: «Parece-me que cada cidadão que somos transporta uma responsabilidade nas evoluções felizes ou infelizes da nossa sociedade».

«O compromisso começa no nosso coração; ele começa pela recusa de reduzir o outro, seja quem for, a um meio de alcançar os meus fins. Os desejos do coração humano, mesmo que legítimos, não podem exercer sobre mim, e ainda menos sobre os outros, uma forma de tirania», frisou.

Para D. Guy de Kerimel, «os desejos estão subordinados ao amor autêntico, que inclui sempre o respeito pelo outro. Não há confiança possível sem respeito, e não há comunidade humana possível sem confiança. O grande combate da humanidade, que condiciona o seu futuro, é o combate da confiança».

«Que Maëlys nos ajude a tirar as lições do seu martírio e nos mobilize para que o bem triunfe», apontou o prelado.


 

SNPC
Fonte: La Croix
Publicado em 04.06.2018 | Atualizado em 10.10.2023

 

 
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