No seu primeiro grande encontro com Jesus, Pedro diz-lhe: «Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador» (Lucas 5,8).
Todos estamos feridos, hesitantes, incompletos. Cada um de nós traz em si uma quantidade incrível de deformações, de violência interior mais ou menos espalhada ou concentrada, uma fragilidade sempre presente. E os mecanismos de autodefesa e de culpabilização só nos isolam ainda mais.
Mas a santidade, explicará Jesus a Pedro, não é a impecabilidade, mas o movimento profundo dentro de nós que nos faz voltar para um outro, para o Todo Outro, e que se deixa atravessar por uma experiência de reconhecimento e misericórdia, como o vitral na penumbra da catedral que se deixa atravessar pela luz.
Por isso, o nosso pedido deverá ser, antes: «Senhor, aproxima-te de mim, porque sou um pecador», ousando aquela forma necessária e rara de audácia que é a fé.
O Novo Testamento ensina-lo de muitas maneiras: a santidade não é uma fórmula ou uma teoria. A santidade é a exposição radical a Jesus daquilo que somos. Na realidade, é a santidade de Deus que, em Jesus Cristo, chega até nós, e de uma maneira real e incarnada.
Por isso, uma das orações evangélicas mais belas é a de uma mulher anónima que repetia no coração: «Se eu conseguisse ao menos tocar o seu manto!...» (Mateus 9,21).