Santuário de Fátima | sainaniritu/Bigstock.com
«O sinal mariano prevalece com a profundidade do que se tornou cultura. Cultura como aquilo que sabemos antes de aprender seja o que for e permanece quando já esquecemos tudo o mais», considera o cardeal-patriarca de Lisboa.
No prefácio ao livro "Fátima - 1979-2016", publicado pelo "Expresso", D. Manuel Clemente sublinha que «da esquerda ou direita, tradição ou revolução, o culto redundou em cultura».
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, recentemente reeleito para um segundo mandato de três anos, enuncia razões bíblicas e ligadas à história que «impregnaram a alma portuguesa».
«Assim se juntaram todas as razões do céu e todas as razões da terra para que o cristianismo mariano, o marianismo cristão, se fizesse raiz do povo que hoje somos, na cultura que mantemos», acentua.
O historiador recorda que cada etapa do devir coletivo nacional «teve marca mariana e encontrou nalgum motivo ligado à Mãe de Jesus Cristo o seu sinal, tão simbólico como mobilizador».
Depois de frisar «ninguém esgota o porquê de Fátima», D. Manuel Clemente observa que «não há muitos lugares assim no mundo. E quando escolhidos são por tanta gente e tanto tempo, por alguma razão forte há de ser - e é decerto».
«Em Fátima cabem realmente todos. Até muitos que não gostam de caber em lado nenhum», e é por isso que quem vai à Cova da Iria se sente em casa, mesmo indo «sozinho e a horas mais desertas».
"Fátima - 1979-2016" (162 pág., 14,90 €), composto por imagens do fotojornalista António Pedro Ferreira, conta com texto de Clara Ferreira Alves e apresentação de Rosa Pedroso Lima.
As fotografias «captam muito bem os rostos» e deixam «adivinhar o que olhavam, como olhavam, porque olhavam. Como as autoras dos textos, fortes e sinceros, como só podiam ser», assinala D. Manuel Clemente.