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Música

"Te Deum" ao vivo ou pela televisão: Terminar 2013 com ação de graças que une espiritualidade e cultura

A tradição repete-se. Pela terceira vez consecutiva, a igreja de São Roque, em Lisboa, volta a adornar-se para receber, no último dia do ano, a prática histórica de Ação de Graças pelo ano findo que D. João V elevou a uma faustosa exibição do poder régio e que a Gulbenkian Música reabilitou para os tempos modernos.

Assistir a um “Te Deum” em São Roque tornou-se rapidamente um cerimonial melómano lisboeta, que tem esgotado a lotação da igreja, mas também um símbolo de reconhecimento do titânico trabalho por fazer de recuperação do património musical português que, silencioso nas estantes de bibliotecas e arquivos, aguarda por uma segunda vida.

Foi isso que aconteceu nos dois anos anteriores, com a apresentação, em estreia moderna, de “Te Deum” escritos por João de Sousa Carvalho e António Leal Moreira, e que para o efeito foram objecto de cuidada reedição.

Neste 2013, a obra que o Coro Gulbenkian e a orquestra Divino Sospiro, sob a direcção de Jorge Matta, vão recriar é o mais referencial e imponente dos “Te Deum” portugueses compostos neste contexto: o que António Teixeira escreveu e fez estrear em 1734.

Ao contrário da generalidade das várias obras que compositores setecentistas residentes em Portugal escreveram por encomenda real para o Dia de São Silvestre, quase todas votadas ao esquecimento, o “Te Deum” de António Teixeira foi resgatado e objecto de uma gravação comercial em 1991 (reeditada na década seguinte), pelos agrupamentos britânicos The Sixteen e The Symphony of Harmony and Invention, dirigidos por Harry Christophers.

O interesse suscitado conduziu à circulação, especialmente em Portugal e no Reino Unido, e a grandiosa obra para oito solistas, cinco coros de 20 vozes e ampla orquestra foi considerada uma das mais importantes criações musicais do barroco e de todo o século XVIII portugueses.

Curiosamente, foi ouvida no Porto no início de 2013, no Concerto de Ano Novo da Casa da Música, e irá encerrar o ano em Lisboa – agora na sua versão integral enquanto cerimonial litúrgico (que inclui a Abertura, o “O Salutaris Hostia” e o “Tantum Ergo”), a partir de uma nova edição por Christopher Bochmann para uma apresentação pelos Derwent Singers em 2011.

António Teixeira foi um dos jovens prodígios que o Rei Magnânimo enviara a Roma para estudar música, e a sua obra, de marcada influência italiana, abrange, além da música sacra, cantatas festivas e a ópera, tendo composto a partir de alguns libretos de António José da Silva, o Judeu.

No seu “Te Deum”, escrito aos 27 anos, a influência operática faz-se sentir nas belas árias de carácter íntimo, em contraste com os coros opulentos, e a escrita virtuosística torna complexa a sua montagem e requer solistas do mais elevado nível.

No seu regresso á igreja de São Roque, vai ser feito recriando a prática ancestral da espacialização, com os cinco coros colocados em pontos diferentes, acentuando a expressividade dramática e a grandiosidade da obra.

O concerto, a 31 de dezembro, às 17h00, vai ser transmitido em direto pela RTP 2 e gravado para posterior difusão no canal Mezzo.

O “Te Deum” é um hino que se reza com frequência no ofício de Leitura da Liturgia das Horas, entoando-se também como grande hino de ação de graças, em ocasiões solenes da Igreja ou, inclusive, dos países cristãos, com a sua melodia gregoriana ou alguma das suas muitas partituras polifónicas.

Não se sabe com segurança a sua origem: atribui-se a vários autores, como Ambrósio e Agostinho, sendo provavelmente do século V. No século seguinte já tinha entrado na oração monástica e considerava-se um hino tradicional da Igreja.

A sua estrutura é trinitária: um bloco dedicado ao louvor do Pai («Nós vos louvamos, ó Deus» «Te Deum laudamus»), citando os anjos, todo o cosmo, os apóstolos, profetas, mártires e toda a Igreja como partícipes neste louvor.

A oração segue o louvor ao Filho e ao Espírito, detendo-se mais em Cristo, triunfante à direita do Pai, e juiz que virá no final dos tempos.

 

 

 

Manuela Paraíso
In Jornal de Letras
Com SNPC
23.12.13

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Foto
Coro Gulbenkian
na igreja de São Roque, Lisboa

 

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