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Visita de «sua Fraternidade» Francisco ao Iraque realça importância da «palavra» e do «simbolismo corajoso»

A visita de Francisco ao Iraque afirma, «acima de tudo, que o simbolismo corajoso pode por vezes ultrapassar os limites que o poder lhe impõe e ser ele o motor das transformações que qualquer país precisa para se reencontrar», considera Bernardo Pires de Lima.

O especialista em política internacional destaca na edição de hoje do “Diário de Notícias” as «muitas» imagens «icónicas» da viagem do papa, que decorreu entre 5 e 8 de março, referindo em particular a oração de sufrágio pelas vítimas da guerra, em Mossul.

«Num cenário devastado, o papa conseguiu transformar, por momentos, um ciclo de tragédias numa mensagem de reconstrução, não apenas urbanística, mas social, política e até civilizacional», acentua na sua crónica semanal.

O novo conselheiro político do presidente da República salienta a relação que Francisco tem estabelecido com o islão, nomeadamente quando esteve em 2019, com o grande imã Al-Azhar, «autoridade máxima entre os sunitas», com quem assinou o “Documento sobre a fraternidade humana em prol da paz mundial e da convivência comum”, e agora com Al-Sistani, «principal figura tutelar dos xiitas».

«A palavra» é um dos instrumentos ao dispor dos líderes religiosos, e apesar de o seu poder ser limitado, sabe-se «quão poderosa pode ser na identificação de dilemas sociais cristalizados (como as desigualdades e as injustiças) e «nas pontes que promove (com líderes políticos e outras religiões)».



«Faz parte do protocolo dirigir-se ao papa assim: “Santidade”. No caso de Francisco, é mais realista e evangélico, sugere o teólogo González Faus, dirigir-se-lhe como “Fraternidade”»



É também pela palavra que se dá voz «a quem nunca se consegue fazer ouvir (comunidades esquecidas, grupos vulneráveis, associações desconhecidas com trabalho meritório), e até na colocação de novos temas no debate público.

«A palavra em política», como incontornavelmente políticas têm sido muitas das intervenções dos papas, «é a estrutura em que a ação se baseia: mobiliza, reconcilia», e «a sua qualidade define o mensageiro, o seu lugar na História, o caminho que está disposto a trilhar, os esforços conjuntos que procura», como também «os recalcamentos e medos que não se coíbe de promover».

Também na edição deste sábado, Adriano Moreira assinala que o papa «não se limitou a mais uma vez surpreender o mundo com a visita que incluiu o agradecimento do Iraque, mas também a gravar nas memórias do mundo em crise pela pandemia que não distingue nem etnias, nem culturas, nem poderes políticos, a sua não esquecível lembrança: “vós sois todos irmãos”».

«Seria tempo de o encontro e colaboração das religiões, tão filiadas na nova mensagem de Assis, aceitarem que a pregação do papa Francisco é a oportuna intervenção para que os povos aceitem e pratiquem que “são todos irmãos”», conclui o distinguido com o prémio Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes.

A «viagem mais arriscada» é igualmente comentada no “Diário de Notícias” pelo P. Anselmo Borges, que observa: «Faz parte do protocolo dirigir-se ao papa assim: “Santidade”. No caso de Francisco, é mais realista e evangélico, sugere o teólogo González Faus, dirigir-se-lhe como “Fraternidade”».


 

Rui Jorge Martins
Fonte: Diário de Notícias
Publicado em 13.03.2021 | Atualizado em 08.10.2023

 

 
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