Thomas Bernhard
«Qualquer pessoa quer participar e ao mesmo tempo que a deixem em paz. E como isso realmente não é possível, ter as duas coisas, então estamos sempre em conflito. Fechamos aqui a porta para estarmos sozinhos, mas, no momento em que fechamos a porta, apercebemo-nos também de que isso é um erro, de que é novamente uma acção errada, porque no fundo não o queremos; porque, por um lado, sabemos que o estar sozinho é muito mais desagradável, mas, por outro lado, não podemos fazer nada.»
«Pois é, e então penso que é horrível, mas uma pessoa precisa, é necessário... é necessário ter contactos. Não pode ser de outra maneira, mas mesmo poucos serão sempre mais que suficientes.»
«E assim cada um vai tricotando o pulôver da sua vida, um põe-lhe mais coraçõezinhos e outro menos, com mais malhas caídas ou menos, e no fim fica tudo malfeito e muito apertado e tem buracos, e ainda antes de uma pessoa o acabar já a parte da frente foi roída pelos ratos e pelas traças, a peça de luxo já se foi antes de estar pronta, e Nosso Senhor diz então "serve!".»
Thomas Bernhard, escritor austríaco (1931-1989), com romances, teatro, poesia, muitas vezes de cariz autobiográfico. Há várias traduções em português. No mesmo livro de entrevistas, e em uma das últimas em vida, declara: «Eu não creio absolutamente em nada».
As citações foram retiradas do livro Em conversa com Thomas Bernhard, Kurt Hofmann, Assírio & Alvim, 2006.
LAF
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